quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mais eu


      Feito um baralho na mão do jogador, me abri inteira, mostrei ao mundo minha dor e minha felicidade. As pessoas acham que amar é isso, esse desmanche de sentimentos. Tipo receita de tia velha do interior; pega um pouquinho de cada coisa, corta, mistura e joga água, quando ferver, está pronto. Taí o amor que você merece. Esse que joguei na panela e deixei em banho maria.
      Amor é vulgar. O mais vulgar dos sentimentos. Não faz sentido depender de alguém que não seja você, algo alheio não deveria interessar. É tão last summer, brega. Suspirar, pensar, falar de outrem. Amar é cafona.
      Vou lá realizar meus sonhos, vou me dar o direito de ser o que quero, ser meio bossa nova, meio rock and roll, definir a minha hora certa. Eu vou sozinha e volto quando bem entender. Pois amor de nada vale sem mim.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Do desapego


      Sei que não devia te dizer isso, menina. Não quero aumentar o que já está grande... tuas feridas, tua dor e esse teu sorriso forçado, tentando - em vão - demonstrar que não sente nada por mim.
      Você vai me dizer mais uma vez que sou convencido, que penso ser o centro das atenções do mundo inteiro. Não sou o centro das atenções mundiais, não há nenhuma conferência internacional falando sobre minha samba canção de seda que você odeia. Apenas encaremos a realidade: eu sei que você perde noites de sono tentando decifrar o que eu quis dizer com aquele "Então tá. Você sempre tem razão!" e que chora de raiva lembrando da noite em que discutimos feio depois de temos ficado.
     Falando nisso, queria te pedir desculpas, cara, nunca quis te despertar paixões, ilusões, ou expectativas quaisquer. Foi legal o que rolou entre a gente, rolou muitas vezes até. Você é bonita, de uma beleza que deus-me-livre nunca vou conseguir explicar, mas não há amor, nunca teve amor. Então vê se para de poetizar qualquer sensaçãozinha, e volta pras aulas que separam amor de atração. Essa tua intensidade é que te mata!
     Você pode achar coisa melhor, tipo um cara que caia nas tuas jogadas de cabelo, alguém que tenha mais tato e sensibilidade; afinal, você é uma mulher e tanto. Ah sim... te considero uma amigona! A melhor amiga que tenho, talvez a única. Alguma coisa disso tudo ficou. Uma amizade que levarei pro resto da vida. Cumplicidade, companheirismo, etc... essas coisas que rolam quando estou ao seu lado, sabe como é que é.
      Sei que não é por acaso que você me marcou com tanta força, mas nem tudo que marca é definitivo. Vou dar uma sumida, pra ver se você desapega. Ocupa tua mente com outra coisa, sei lá... vai ler, sair pra beber, escalar montanhas, pentear macaco. Me tira de uma vez da tua vida, da tua mente... assim como eu fiz com você. Vê se me esquece, amorzinho.
     Espero que a distância aumente o ponto do "nunca". Nunca mais.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Já era, aquarius


      Não sei quantas vezes mais vou ter que reclamar com o horóscopo. As informações não são condizentes com a realidade. Sendo bem clara, acho que nunca foram. É difícil compreender como que um aquariano se envolveu com outro, isso não poderia acontecer, são aquários diferentes... é muita loucura junta! Traços de uma personalidade marcando a outra personalidade, e um sorriso largo que chega a envergonhar os olhos, com tanta doçura rude.

      As estrelas estavam de sacanagem quando traçaram esse enredo, ou então o universo inteiro tirou sarro de vossas caras quando decidiu colocar essas duas pessoas frente-à-frente. Duas pessoas que não gostam de dar o braço a torcer, duas pessoas pessoas modernas, duas pessoas inteligentes... e mais outras trocentas características apaixonantes, que só essas duas pessoas irão saber.

      Aquário de frente para outro aquário vira espelho, não? Antes fosse... aí tudo ficaria resolvido, aí poderia estabelecer se é hora para amar, ou hora pra chorar. Maluquice, maluquice, maluquice.

      Por quê que as pessoas não resolvem logo todos os problemas do mundo e do coração? É só colocar em pratos limpos, desabafar tudo o que vem sendo preso e booom!... catástrofe! Quando se é sincero demais, pode-se cometer sincericídio. Mas seria pecado morrer calada, guardando para si algo tão grande, que para que conseguisse guardar, Deus teria que ter feito um punhado de tupperware para depositar tudo.

      E eu me pergunto quando foi que o futuro começou a vir até nós, procurando ajudar e fazer as coisas acontecerem... Pelo amor dos Astros, ninguém nesse mundo veio para esperar! E os aquarianos gostam de desafiar o amor, quando acreditam que amor existe.

      Tudo foi tão esperado, foi tanto tempo deixando que lhes dissessem a melhor maneira de lidar com cada pedaço de atenção, cada gole de vinho, etc. Vocês estão com sangue e vida e olhos e pulso, quebrem todas as possibilidades astrológicas.

      E senta, que lá vem futuro...


P.S: Espero que não tenha ficado chateada por eu ter "exposto" a história de vocês, my flower.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Almodóvar me fez esquecer


      Tanta coisa que preciso fazer, falar. Deixo tudo sempre pra depois, não sei o porquê, é algo incontrolável. Deve ser a porção de elemento X que caiu no caldeirão quando eu estava sendo feita por Deus, ou alguém que faça pessoas, não sei. Já é hora de eu te falar da necessidade da tua presença, e da saudade que fica quando você vai.
      Hoje eu te liguei, pedi pra você vir me encontrar, estava com tudo na ponta da língua, decorei o texto na frente do espelho, sairia algo como: "ou você me quer, ou você me deixa." Perfeito.
      Enquanto você fechava a porta, eu repetia para mim mesma o que queria dizer, começou "ou você me quer, ou você me deixa", entrou em casa, eu repeti a frase, agora de olhos fechados "ou você me quer, ou você me deixa." Certo, mais dois passos à minha direção, começo a gaguejar e as mãos a tremer, a frase não sai como antes, agora virou um "ou vo-cê me... quer, ou vo-o-o-cê... me de-eixa."
      Chegou até a mim, me deu um abraço e um beijo na testa, comentou que minhas mãos estavam geladas, e perguntou se eu vi o novo filme do Almodóvar.

      - Olha, eu vi sim! Adorei muito! Maravilhoso, como todos os outros. O título então é fantástico "A pele que habito", tem coisa mais genial?
      - Fala sobre um tema tão incomum... Almodóvar é o cara.
      - Verdade... teve momentos em que eu perdi o fôlego assistindo, ficava tensa com o comportamento do Dr. Robert e da Marília.
     - Ah é.

(Silêncio)

      - Então... você me chamou, queria me falar uma coisa muito importante... diz aí.
      - Eu? Sério?
      - Sério, pô! Você me ligou no mínimo umas 10 vezes, vim aqui correndo pra saber o que era.
      - Ah... ia te dizer que: "ou você... ou você... ou você..." Ih, esqueci.
      - Hahaha, ai ai... tu é maluca mesmo!

      Depois disso, a contagem regressiva da minha bomba relógio parou, você puxou o fio certo, estou desarmada mais uma vez. É esse teu sorriso, teu maldito sorriso que me desarma sempre, que me faz acreditar que é mais viável perde-se do que perder-te. Continuemos então com o triângulo amoroso: eu, você e nossa confusão.
     A tua presença me anestesia e eu acabo, mais uma vez, fugindo do objetivo, me entregando, e esquecendo, nem que seja por poucos minutos, o sofrimento de noites inteiras. Correndo risco, perdendo o controle com você.
      Da próxima vez eu escrevo num cartaz o que quero te dizer, colo num outdoor para todos serem testemunhas. Ou então tapo meus olhos, para não ver teu sorriso de medusa... vai que dá certo?!
      E, por favor, deixe Almodóvar fora disso.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A paz do tempo


      Encontrei o que procurava há anos, aquilo que incansavelmente me revirava do avesso, tirava meu sono, me fazia chorar, dá ataques de solidão, ter necessidade de atenção, etc...
       Não é nada de "amor", aliás, é sim! É tudo de amor, mas não amor de Eros, é um amor-próprio. Amor calado, mas não cansado. Amor sem tumulto, sem algazarra. Tão verdadeiro que não necessita ser divulgado, nem ter os holofotes do mundo inteiro. Puro, calmo, generoso, amigo. O amor de que falo é a plenitude.
      Sentir-se plena é tudo que todo ser humano deseja. Plenitude de alma, leve, calma... uma sensação de que tudo está em seu devido lugar. Se eu pudesse definir "plenitude" seria: o amor do tempo. É com o tempo e com as experiências que adquirimos a mudança que queremos. Aos poucos vou deixando de escutar certas músicas, deixando de usar certas roupas, deixando de dar importância a certas pessoas.
      As pedras do caminho são minhas amigas, de certa forma,  me empurram para o crescimento. Tomo para mim a filosofia da água, não discuto com os obstáculos. apenas os contornos.
      Não que os problemas tenham diminuído, foi eu que cresci.
      Demorei tanto para encontrar essa paz, acho que mereço uma coisa  indestrutível e inteira, sem desespero, sem remendas, sem rasgos. Mereço o melhor, sem culpa. Reza a lenda que a gente nasceu para ser feliz.
      Concordando com Caetano, o tempo é realmente um dos deuses mais lindos.


"Deixa o amanhã e a gente sorri, que o coração já quer descansar."

domingo, 27 de novembro de 2011

Para você entender


      Entenda uma coisa, eu sei viver sem você, em alguns momentos eu até preferiria viver sem você. Porque existem milhões de homens solteiros, outros milhares bonitos e outra parcela que também tem um sorriso hipnotizador. Não é difícil encontrar um homem que seja fã de Red Hot Chili Peppers, que se vista bem e que saiba várias piadas decoradas. Eu sei que em qualquer esquina posso encontrar um homem que me mande mensagens em plena madrugada, que converse comigo sobre futebol e cortes de cabelo. Fácil arranjar um cara que seja família, não fume e tenha bons amigos. Posso arrumar alguém para me chamar de linda até naqueles dias em que meu cabelo está péssimo, alguém que me leve para assistir filmes do Tarantino, alguém que discuta poesias e poetas, etc. Você é comum, monótono, um carinha qualquer, um "todo-mundo". Nós dois somos uma equação simples de resolver, de dissolver. Acontece que nos acostumamos ao mau amor e acabamos por seguir um roteiro tão batido, aquela nossa rotina sagrada. Somos como um episódio de Chaves, sabemos o que vai acontecer, e mesmo assim ainda é engraçado. Eu posso viver sem ti, o problema é que eu não quero.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

TPM: Total Paranoia Mental





      Um dia que não precisaria existir. Daqueles que você acorda com uma espinha na bochecha, um mau humor gritante e com o cabelo ruim. Me sinto a última das mulheres. Estou me achando feia e sinto que nenhum homem olha pra mim, nem cantada de pedreiro ando recebendo ultimamente. Estou triste e mal amada, essa é a verdade.
      Me assisto nas novelas do vale a pena ver de novo, me escuto nas músicas bregas do rádio - no programa momentos de amor - e leio, releio e treleio a agenda do celular, tentando achar uma possível vítima, mas a única vítima da minha depressão é o chocolate. Desejo chocolate com tanto fervor, quero chocolate pra suprir minhas necessidades. Só chocolate, chocolate, chocolate.
      Desato um choro sem explicação, mas a vontade de chorar é tão grande, que eu me descontrolo! Me jogo na cama fazendo um drama digno de novela mexicana. Depois me olho no espelho... ai como sou ridícula! Ninguém me quer, ninguém me ama.
      Até o porteiro do meu prédio decidiu trocar minha correspondência. Será que ele não lembra meu nome? Será que sou tão sem graça? Transparente? Imperceptível? Ou será que ninguém no mundo lembra de mim a ponto de não me enviarem nem contas? Mundo cruel! Vida tirana! Vou saber o que anda acontecendo. O porteiro simplesmente diz: "desculpe, senhora.", como assim apenas "desculpe, senhora."? Vai te catar, infeliz incompetente! Se errar essas correspondências de novo eu juro que faço picadinho de porteiro! E saiam da frente que eu não estou boa!
      A sensação que tenho é que precisaria passar uns 5 dias trancada em casa, fugindo das pessoas, me isolando do mundo. A qualquer momento vou explodir, e acabo explodindo! Gritando, chorando ou comendo. Quem é mulher vai me entender, quem é homem terá que me perdoar. Não posso fazer nada, durante o período que antecede a menstruação me transformo na abominável mulher vulcão, expurgando hormônios por todo canto. Deus colocou na mulher útero, ovários, óvulos e menstruação, com a linda missão de engravidar. O diabo inventou a TPM e a cólica.
      Como diria aquela velha frase: a diferença entre uma mulher na TPM e um sequestrador, é que com o sequestrador ainda existe possibilidade de negociação. Se quiser um conselho meu, durante esses dias, mantenha a distância, já matei por menos.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Chico Buarque de Hollanda, todo o sentimento

"Eu sou sua menina, viu?"


      É uma atração desmedida, uma coisa gostosa, daquelas que me dá calafrio só de lembrar o timbre da voz prejudicado pelo cigarro. O meu amor tem um jeito manso que é só seu, e rouba meus sentidos, viola meus ouvidos com tantos segredos lindos e indecentes. Embala meus delírios, meus passos, minha infância, meu nome. Te encontro numa noitada boa, no cinema, no botequim, me bota pra dormir, me acorda em meio a ciranda da bailarina.
      Sabe mais que eu sobre minha vida, e sai por aí contando as picuinhas diárias, espalhou a história que sou dessas mulheres que só dizem sim. Seria impossível não te amar, ser fã número 1, admirar tuas palavras, teus trejeitos, teus olhos - que me destes para tomar de conta - por você rompo com o mundo, queimo meus navios. 
      Feito boba apaixonada sigo tuas rimas, tuas setas, tuas leis - e pela tua lei, a gente era obrigado a ser feliz - você é quem manda, falou tá falado, não tem discussão. Acato tuas ordens, respeito tuas vontades, até quando me diz: "Sim, me leva para sempre, Beatriz. Me ensina a não andar com os pés no chão." 
      Sinto falta quando passo um dia sem delirar contigo, por ti. Não vou te abandonar, prometo, pois sem você não passo bem. Meu caro amigo, me perdoe, por favor, se eu não lhe faço uma visita, mas você sabe que é muita mutreta pra levar essa situação, e a gente vai levando de teimoso, de pirraça. Ainda bem que roda mundo, roda gigante, e vou contra a corrente até não poder resistir.
     Leio notícias tuas em todos jornais, vejo tua foto em capas de revistas, e assumo que fico pê da vida quando outra apaixonada disputa páreo de amor teu. Eu sei que esse lance de ciúme não é certo, sua vida é pública e você não pode ser só meu, não fique chateado, largo essa possessividade, e quando você me quiser rever, já vai me encontrar refeita, pode crer. E quando talvez precisar de mim, cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim. Desculpe, mas você sabe como é... quem brincava de princesa, acostumou na fantasia.
      Posso estar exagerando - provavelmente esteja mesmo - mas, Chico, eu boto a mão no fogo então com meu coração de fiador. Não é mentira. Pro resto do mundo eu tenho apenas uma pedra no meu peito, mas pra você não, tenho um tipo de amor que é de mendigar cafuné, que é pobre, e às vezes nem é honesto. Mas é amor, acredite.Eu sou sua alma gêmea, sou sua fêmea, seu par, sua irmã, eu sou incesto, sou igual a você, eu nasci pra você, eu não presto.

domingo, 20 de novembro de 2011

Tipo isso


- Eu odeio gente burra, sabe? Odeio música ruim, filmes idiotas. Odeio mentiras, hipocrisia, grosseria gratuita. Também odeio gente que se acha engraçada.
- Do que você gosta?
- Animais.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Relatos do amor próprio


      Se tem uma coisa pra eu gostar nessa vida, é modernidade. Adoro a mudança dos tempos. Porque me encaixo fácil, me sinto mais aceita, sou aquariana, vivo querendo futuro.
      Escuto meus pais dizerem que hoje tem mais gays que antes. Claro que não concordo, hoje tem mais aceitação, cabeça aberta. Que bom! Imagino como sofreram as bees de décadas atrás, tendo que se esconder no armário para não sofrerem represálias. E uma coisa que odeio: gente que não se assume. Gosta de mulher? Ok. Gosta de homem? Ok. Gosta de homem e de mulher? Ok também. Isso não vai mudar em nada minha vida, como diria o poeta "cada um no seu quadrado."
      Gosto de gente que se joga mesmo, que se dói inteira porque não consegue viver na superfície das coisas. Sou de verdade, dessas que não andam 24 horas arrumadas, maquiadas, etc... quem gosta de mulher montada é cavalo. Camiseta, short, chinelo e coque no cabelo resolve. Tô nesse mundo a passeio, vim só pra dar o ar da graça. Então, por favor, nada de chicletinho! Sabe aquelas pessoas que ficamos na balada e se sentem no direito de baixar até nossa ficha criminal? Não rola, bebê. Se eu te dei meu número é porque eu quero que você ligue, te achei interessante e acho que pode rolar algo mais. Se não te dei tanta abertura é porque não quero um flashback. Deixo claro que há diferenças entre ser chicletinho e ter atitude. Homem com atitude é o diferencial, e como o próprio nome diz, está em falta no mercado. Ele pode até não ser tão bonito, não andar num carrão, ou se vestir como você gostaria, mas se souber te domar e deixar sem jeito, agarre. Quilo de homem tá caro.
      Apesar de eu escrever sobre romances e dor de cotovelo, isso não é algo que faça parte da minha realidade. Sendo bem sincera, não sou de me envolver, nem dar o braço a torcer. Dura na queda! Mas fazer o quê? Sou assim. E gosto de ser assim. 
      Amo minha independência, e não troco reunião no bar com as amigas por filminho em casa com o man. Tenho opinião pra tudo, gostos diferentes de quase todo mundo, e um senso de humor que por vezes você não entenderá, digo palavrão, assisto futebol, bebo cerveja e me sinto livre para ir ao baile procurar o meu negão. Nasci com a prerrogativa de ter um pouquinho a mais de diversão. Sem inibições, não é a toa que pinto minhas unhas compridas de vermelho, quero que fique claro, se você for coração de manteiga, mantenha a distância, dou choque em gente tola. - e quando digo gente tola estão incluídos os fresquinhos, preconceituosos e chicletinhos. 
      E vê se dá licença, que eu tô passando, se quiser vir, talvez te carrego comigo. Não é todo homem que tem capacidade de ter uma mulher do meu calibre. Sorry, baby.

      

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Tic tac


      Perdi a hora, acordei tarde, nem vai dar tempo tomar café em casa. Vou pro banho, escovo os dentes, solto os cabelos. Saio apressada, me esbarro na mesa, derrubo os livros. Tomo meu café na faculdade, coca cola com pastel. Corro para sala de aula, esqueço o texto que o professor pediu. A aula tá chata, fico serrando as unhas e procurando ponta dupla pra passar o tempo. Acaba a aula, tenho que voltar pra casa, mas acho que posso tomar uma cervejinha. Eis que chegam os amigos, vai mais algumas cervejinhas, e agora batata frita pra enganar a fome, algumas calabresas e... Droga! Já é tarde, tenho que ir a consulta que marquei, ainda tenho ioga hoje, sem esquecer de ir visitar minha tia, passar na padaria pra comprar manteiga, comprar absorvente na farmácia, sair pra jantar com os amigos, arrumar o cabelo pra aula de amanhã... e pronto, já é madrugada. Adivinha quem vai se atrasar pra aula amanhã cedo?
      Sou toda errada. Essa mania de deixar tudo pra depois, procrastinar uma vida inteira. Minha arte, minha aventura do dia-a-dia. Como se estivesse vivendo com uma bomba relógio dentro do bolso, prestes a explodir. Mas, assim como macarrão instantâneo, quando a coisa ferve, fico pronta em 3 minutos.
      Não vivo, me viro.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

DDD diga mais


      Oi? Tudo bem? Quanto tempo, né? Te liguei quase que por engano, apesar de você não acreditar em enganos, foi bem assim, feito um impulso. Estava aqui lendo a agenda do meu celular, passei sem querer por seu nome, aí li... aí vi teu número... aí apertei no botão "send"... aí... isso não importa, não é mesmo? Estou certa de que você está ocupado, trabalhando, ou estudando, ou colocando gasolina no carro, ou na casa da sua namorada, ou... Ah, desculpa! As coisas não mudaram muito comigo, continuo atrapalhada, como pode notar.
      Você está feliz? Que bom! Eu, mas que qualquer outra pessoa, torço pela sua felicidade. Não sei se posso te garantir que estou feliz, mas acho que não devo reclamar de nada, minha vida tem caminhado, apesar dos passos lentos. Enfim... fala mais de você, como anda o curso? E sua mãe? Ainda pergunta por mim!? Oh, que maravilha! Também sinto saudade dela e daquele suco de goiaba que só ela sabe fazer. Diga que mandei recordações, ok?
      Ia esquecendo de te falar... fiz uma faxina aqui em casa, mexi nas velhas pastas e caixas guardadas na estante. Achei aqueles bilhetinhos, poemas e embalagens de chocolates que ganhei de você. O que eu senti? Ah... não sei se saudade, ou leve nostalgia, ou lembrança de como te deixei triste com o fim, ou... Não sei, cara. Achei também aquela tua camisa do Guns N'Roses, aquela surradinha que eu adorava vestir pra dormir. Então... lavei, passei e vou te mandar de volta, beleza?! Se eu esqueci alguma coisa contigo? Depois de tanto tempo? Nem lembro. Ah... acho que não. Ok, então. Passar bem. Beijos. Tchau


- E mais uma vez esqueci de te pedir de volta meu coração e minha auto estima.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

The End


      E eu achando que gostava de sofrer, nem imaginava esse teu lado masoquista. Se eu soubesse que seria tão fácil te controlar, teria posto em prática, muito antes, meu plano infalível. Bem que me avisaram que ia ser assim.
      Não te quis, fiz aquela cara de "prefiro evitar a fadiga", pensei que isso nunca fosse acontecer, mas a matemática é simples e aplicada: quando passamos muito tempo tomando o mesmo sabor de sorvete, comendo no mesmo restaurante e batendo na mesma tecla, abusa.
      Você chegou, com aquela desculpa, cheio de malícia, jogando charme... enquanto eu fingia que não notava nada, não sabia das tuas verdadeiras intenções... até que você tenta dar o bote.
  - Não. Para com isso, não pode.
  - Não pode?
  - Eu não quero.

      Pronto. Prático, simples e indolor, pelo menos para mim. Você fez uma cara de assustado, perdeu o ar, parecia que estavam te roubando o brinquedinho preferido. Tentou disfarçar, disse que "tudo bem", eu não quero, você entende. E, de verdade, eu não estava afim, não senti aquela coisa na barriga antes de te ver, não me arrepiei com teu abraço, tudo morno.
      Continuei levando do jeito que queria, cortando teu barato.
      Depois de uma noite de interrupções, pude ouvir um claro "Eu te amo." Muito estranho ouvir isso. Já ouvi de ti outras vezes essa frase, mas sempre foi tão exaltada, ou era em uma briga, ou via sms (que não conta). Foi um "Eu te amo" de verdade. Nem tive coragem de responder, porque, sinceramente, não quero ter que mentir pra ti. Não te amo. Não mais.

sábado, 12 de novembro de 2011

Doida? Eu?


      Pode parecer que estou psicografando esse texto, e de fato não sei bem se sou eu que estou aqui digitando essas doidices, ou pelo menos não sei qual parte de mim está se expondo dessa vez, mas saibam... tenho meu lado psicopata. E quando digo "lado", leia-se: uma parte, uma banda, ou talvez metade.
      Antes que você feche essa página e ligue pra delegacia, irei me explicar - ou tentarei - estou me atrapalhando de novo, vejam só. Enfim, acho que isso não é tão aterrorizante quanto possa parecer, todo mundo é meio psicopata, concorda? Ou você não vai querer me convencer que nunca pensou em matar alguém? Que nunca desejou que aquela piriguete de quinta tropeçasse do salto e caísse de cara no chão? Que nunca quis que aquele imbecil se engasgasse com cerveja e pagasse mico? Pois então?! Sua psicótica! Bate aqui! Yeees! Você não está sozinha nessa.
      Aposto como agora você está sorrindo aliviada, e caso não esteja aliviada, deve estar aterrorizada com tudo que acabou de ler e pensando mesmo em me denunciar pra polícia. Ó, céus! Estou em apuros.
      Se você não é tão pura e inocente como acreditam seus avós, bem vinda ao clube.
      Ando me pegando com pensamentos macabros. A raiva que eu sinto de algumas pessoas é tão grande que às vezes praguejo um "Quero que fulaninho(a) se exploda!" - acreditem - explodir é o melhor que posso desejar num momento de raiva. Isso é meu lado mais humano, somos psicopatas mais humanas, o que nos fazem ser diferente de uma real psico é o fato de não termos bastante sangue frio para cometer um crime e conseguir descansar a cabeça num travesseiro logo após, como se fosse o sono dos justos. Caso você faz tudo sem dor na consciência, sem vestígios de sentimentos... bom... seu caso é preocupante e eu mesma irei tomar minhas precauções de me manter longe de você. Caso contrário, xingar a ex do seu namorado não é despeito, é ser realista; desejar que a bunda da atual namorada do ex caia e fique cheia de celulite não é nada demais, apenas vingancinha; e ainda querer que o ex namorado leve um chute no saco durante as peladas com os amigos é apenas justiça.
      Afinal, que tipo de mulher fica de boa quando o ex namorado arranja outra? Pode até fingir que tá tudo bem, você não poderia fazer ele um homem tão feliz, então apenas espera que corra tudo bem com o novo relacionamento do rapaz, etc. Isso tem nome, chama-se hipocrisia! Você quer mais que se dane ele e a namorada gorda dele. Isso é normal, gata.
      Até porque mulher que não briga, não tem ciúme, sorri sempre, e só pensa em dar prazer pro homem até existe, mas é inflável.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Atenciosamente, o Coração


      Não quero atravancar a vida de ninguém, pode ir embora quando quiser. As minhas portas e janelas sempre estarão abertas para entrada de pessoas do bem. - Eu disse entrada - se você sair, nem que seja por um minuto, fique do lado de fora. Você pode ser do bem, do bom, do massa... mas não volte. Não quero parecer indelicado, mas na porta tem colado um aviso: "Se você for, fique por lá."
      Você entrou pela porta principal, foi bem recebido, te convidei para um chá, sentou na minha poltrona, colocou os pés em cima da mesinha de centro. Sem problema, a casa é sua, sinta-se a vontade. Tenho certeza que sou bom anfitrião, trato bem meus inquilinos, faço faxina geral, tudo um brinco, esperando pra ser desfrutado. Só não aceito hóspedes para veraneios. Nem perca seu tempo, arrume outro lugar pra passar as férias, aqui é eternamente período letivo, horário comercial. E como serei sua morada, não me machuque. Não deixe minhas paredes cair o reboco, não faça buracos em mim; isso será motivo para ser expulso.
      Suas razões podem ser muito boas, mas não irei ouvi-las. Sabe como é... antes de você, tive outros inquilinos, e estes, por não se portarem bem, tiveram que se retirar daqui. Então faça por onde, ok? Não me desagrade, lembre-se sempre: você está morando aqui, mas não é o dono do lugar.
      O que você pode chamar de exigência, ditadura, ou normas sem fundamentos; eu chamo de amor próprio. A verdade é que passei por poucas e boas, e isso me fez endurecer. Caso você se atrever a me desafiar, não conto história! Vaza, se manda, cai fora! Não quero qualquer um, quero um. Seguindo minhas regras, agindo conforme o combinado, tenho certeza que seremos grandes amigos.
      Ah... e não se esqueça: mi casa, su casa.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Nem tudo que parece, é


      Olha, rapaz, eu tenho que desabafar contigo, e já te adianto que o assunto é delicado e talvez constrangedor. Aqui do seu lado, fico te olhando bem de perto, posso até sentir a tua respiração e o cheiro do teu perfume francês. Você é charmoso, mas muito malvado. Sabe, eu tentei segurar, ficar calada, mas não dá mais. Você tem me machucado muito, eu agora estou chorando por sua causa... tenha piedade, moço! Vamos resolver logo essa questão, certo? Anda, me dê uma resposta logo, não suporto mais ficar assim. Juro que serei eternamente grata a você, a gente pode até tentar alguma aproximação... mas, moço, por favor, você tem que acabar logo com isso. Não sei se notou, mas você pisando no meu pé! Obrigada.

domingo, 6 de novembro de 2011

Decadência Musical


      Fiquei chocada com uma declaração que ouvi por esses dias; uma prima, de aproximadamente 13 anos, dizendo que dava sua vida pelo Pe Lanza (não sei se é assim que se escreve), o vocalista do tal Restart. O fato de eu ter ficado horrorizada se dar por eu achar o som da banda pobre, por achar que a tendência que eles lançaram com aquelas calças megacoloridas  e apertadas, triste; por achar o cantor bem afeminado, etc.
      Não me passa pela cabeça como ela consegue ser fã de Restart, sonhar com Justin Bieber, gritar pelo Fiuk, enquanto existe Rodrigo Amarante, Diogo Nogueira e John Mayer por aí.
      Não estou me achando superior, nem humilhando ninguém, estou apenas repartindo meu assombro diante de algo que passa longe da minha compreensão. Fico mais espantada ainda quando comparo a geração da galera de 13 anos de agora com a geração da minha galera de 13 anos. Faz pouco tempo que saí dessa fase, mas noto uma diferença gritante. 8 anos atrás não tinha esse fanatismo por nenhum artista, nem existia uma tendência tão forte como essa que o Justin Bieber lançou com seu cabelinho "mamãe-não-saí-do-armário". No máximo alguns gostavam muito da Avril Lavigne, mas ninguém saiu por aí querendo se matar por ela.
      Meu gosto musical foi bem influenciado pelo meu pai, escuto The Beatles, Scorpions e Queen graças a ele. (Valeu, pai!) Com o advento da tecnologia, e os pais se ocupando cada vez menos dos filhos, eles acabam sem referência musical - pelo menos é nisso que eu quero acreditar. Mas não há culpados, pois não há crime.
      As pessoas tendem a passar por muitas fases na vida, todo mundo se envergonha de alguma coisa do passado e, creio eu, daqui a alguns anos, minha prima vai parar pra pensar que ninguém vale mais que a sua própria vida, muito menos um cantorzinho de uma bandinha pop. Falo isso porque ela encheu os olhos de lágrimas e jurou que se  fosse pra decidir entre sua vida e a do Pe Lanza (que nome engraçado, meu Deus) ela escolheria a do Pe Lanza (quem inventou esse apelido, gente?), pois prefere morrer do que não ter mais Restart no mundo. Já fico preocupada com meus filhos que ainda não nasceram, e me sinto velha, pois não conheço metade das bandas que fazem sucesso hoje em dia. Sou uma jovem com gosto musical de idosa.
      Fiz um acordo com essa prima aspirante a suicida, eu mostro a ela algumas das músicas mais legais que conheço e alguns dos homens mais bonitos da música - na minha opinião - e, caso ela goste, terá de repensar sua alternativa de morrer pelo Pe Lanza (vou sorrir sempre que digitar esse nome). Ela concordou, e eu espero que tenha feito um bom trabalho.
      Saudade da época em que "Restart" só servia pra reiniciar o Super Mario Bros.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Arquivo Confidencial


      Hoje tive uma conversa com minha babá da infância, aquela que me criou, porque meus pais andavam sempre tão ocupados, não tinham tempo pra detalhes da nossa convivência.
      Ela me falava de como fui uma criança estranha, diferente das outras. Não gostava de brincar, porque podia suar, e não gostava de suar, apesar de adorar tomar banho. Mas, gente, que criança gosta de tomar banho? Bem, eu gostava. Gostava também de ouvir conversa de adulto, e cruzava as pernas para parecer fazer parte daquele grupo. Achava deplorável o fato de meus primos correrem, se jogarem no chão, se lambuzar na lama. Será que eles não enxergavam que aquilo poderia acabar com a roupa deles? Deus me livre! Mantinha-me impecável, esperando meus pais chegarem. Queria que meu pai me olhasse e dissesse: "Coisa linda! Uma princesa!" e que minha mãe confirmasse a presença na reunião do colégio. Sei que isso pouco aconteceu, porque quando eles chegavam eu estava dormindo, e quando eu acordava eles já haviam saído. Foram tantos desencontros desse tipo que decidi sair de casa cedo, aos 12 anos já tinha um apartamento meu, numa cidade diferente, convivendo com pessoas diferentes. Minha babá lembra o quanto sofreu com a separação, pois ela sente (e é mesmo) como minha mãe.
      Enfrentei barras pesadas, sentia falta de carinho e atenção, achava minha criação um pouco deficiente, que não conseguiria crescer enquanto não tivesse o que me foi negado na infância. Não. Nada me foi negado, ao contrário, tudo me foi disponibilizado. Reconheço o esforço dos meus pais, sei que batalham até hoje para eu ser uma grande mulher; assim como minha mãe.
      Aliás, minha mãe é meu exemplo. Quem dera um dia eu ser a metade do que ela é. Dá um duro danado, trabalha noite e dia, esposa dedicada, solidária com o próximo, todas qualidades possíveis de um ser humano, ela tem. Encho o peito de orgulho pra falar que sou sua filha, e queria ver um dia ela ter o mesmo orgulho em dizer que é minha mãe.
      Meu pai não... meu pai é um eterno garotão, tem uma vivacidade de dar inveja nesses meninos de 20 e poucos anos. Olho pra ele e me vejo, nos parecemos tanto que costumo dizer a ele: "eu sou sua cara, você é meu coroa."  Carinhoso como só ele sabe ser. Me abraça, me beija, quase me deixa sem respirar, literalmente me entope de amor! Tem uma filosofia de vida que é só dele: não adianta se estressar, nem se apegar a nada material, a vida vale mais que tudo. Vamos semear a simplicidade, vamos semear o bem. Enfim... meu pai é paz e amor.
      Garanto aos meus pais que tudo que sou, devo a eles. Posso não ser muita coisa agora, mas ainda serei. Quero poder proporcionar o prazer de uma boa velhice, o tal do descanso merecido.
      À minha babá agradeço todo amor, carinho, esforço, paciência e puxões de orelha que me foram dados. Agradeço também o fato de ser madrinha de seu único filho, isso pra mim vale mais que mil palavras, é uma prova de confiança. Muito obrigada.
      Olho pra trás e vejo o quanto cresci, mudei. Apesar das minhas crises, do meu porte frágil, da minha sensibilidade física; tenho uma personalidade forte, um gênio impossível. Como dizia minha vó (que Deus a tenha em um bom lugar) "Essa menina, desse tamanho, já tem cabelo na venta! Valente mais que onça!" Sou mesmo valente e às vezes posso parecer um tanto bruta e desbocada, o que tiver pra falar, eu falo na lata. Não espere de mim um comportamento médio, não sou uma pessoa média, não gosto de gente média. Não sou médio bonita, nem médio inteligente, nem médio magra ou gorda. 8 ou 80, ou é, ou não é. Nada aos pedaços, por favor. Ou muito ou pouco, ou tudo ou nada. É o que tem pra hoje. Se não gostou? Devolva, a casa recebe; ao contrário, você vai ter que me engolir. 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A melhor coisa que nunca me aconteceu


      Todas as sessões de cinema em que assistíamos aqueles romances americanos, as pipocas engorduradas com manteiga e sal, o primoroso encontro das mãos sobre as poltronas e os olhares tímidos e apaixonados. Tudo mágico.
      Como eram boas as noites que não tínhamos nada o que fazer a não ser nos ocupar da felicidade do outro. Passar a mão na tua barba mal feita, você brincar com meus dedos finos, e sorrir da minha aversão à castanha de caju.
      Acordar com as mensagens de bom dia, adormecer com o celular na mão, esperando a mensagem de boa noite. Nos necessitávamos, vivíamos de nós.
      Eu sabia detalhadamente os teus gostos, e me aplicava em satisfazê-los. Música no volume certo, perfume onde você gosta de cheirar, cabelos sempre soltos. Tudo pra sentir o teu sorriso de contentamento.
     Conseguia ouvir o motor do teu carro a quarteirões de distância de minha casa, e já cuidava de preparar o coração, que mal se aguentava de ansiedade nos tum-tum-tuns pulsantes. Eu sabia que vinha ao meu encontro com as mãos feitas em brasa para me agarrar, uma força animal me empurrando contra o próprio corpo, enquanto o meu desfalecia do prazer desse encontro esperado.
   
       -  É verdade, moço. Meu sonho foi como eu descrevi acima. Num mundo que eu criei, com paredes reforçadas na imaginação, você foi, de longe, a melhor coisa que nunca me aconteceu.

domingo, 30 de outubro de 2011

Para Carol, com amor


     É realmente difícil falar sobre nossa amizade, porque não sabemos ao certo como começou. Quando nos perguntam "onde vocês se conheceram?" respondemos: "na barriga de nossas mães." Deve ter sido assim mesmo, né? Ou então em vidas passadas (é o único jeito que encontro pra explicar tanta sintonia.)
     Não lembro a primeira palavra que disse a você, acho que foi algo como "gugudadá", mas lembro a última que disse, que foi "amo". Raramente digo a alguém que amo. E a você eu amo, não tenho dúvidas quanto a isso.
     Você é minha pequena, minha pretinha, minha Calú, minha Calol, meu talismã, meu refúgio, minha irmã, minha melhor amiga. Sempre tão presente na minha vida, em todos os momentos pude contar contigo. Passamos por muitas coisas, passamos juntas! Das brincadeiras de criança, crises de adolescentes, e os medos da idade adulta. 
     É difícil acreditar, mas, cara, já somos adultas! Duas mulheres completamente diferentes, é verdade; mas unidas por um laço eterno. Convivência, fatos, saudades, presença, risos, choros.
     No nosso livro da amizade temos capítulos engraçados; como aquele nos tempos de jardim, eu risquei seu livro, você arrancou a página do meu, nós brigamos. Aquela guerra de siriguelas lá em casa. A tatuagem que fizemos com espinhos, na panturrilha, com a letra "A". Férias em Campo Maior, passávamos o dia sem fazer nada, mas era tão bom. Toda santa tarde eu ia a tua casa jogar videogame, pular elástico. Os porres que tomamos juntas. Nosso choro assistindo "De repente é o amor". Aquele show do Zeca Baleiro. Todos carnavais em Barras.
     Nostalgia me define agora.
     Não posso deixar de falar das barras que já seguramos. Chorei tanto no teu ombro, e vice versa. Choramos juntas a morte do nosso melhor amigo, o pior momento de todos, mas a certeza de que conhecemos o melhor ser humano que já habitou esse mundo, nos acalma um pouco a alma, morremos de saudades, mas conseguimos lembrar dele em todo sorriso que vemos, ou damos.
     Você é forte, mais forte do que imagina. É linda, de uma beleza única. Atrai os olhares de todos, você é boa de olhar. É firme, mas sabe ser meiga. Tão sincera que chega a cometer sincericídio. Fala, fala, fala, fala... Meu Deus, como tu fala!
     Não sei quem colocou essas ideias de que o amor eterno existe, que tudo pode ser superado, que vamos dar certo, mesmo o futuro sendo tão incerto. Não sei, mas concordo.
     Cara, me preocupo tanto contigo, às vezes acho que você ainda é aquela menininha de franjinha na testa. É frágil, muito sensível. Sinto-me na obrigação de te defender de todo mal, e caso não consiga chegar a tempo, quero secar tuas lágrimas, aliviar tua dor, sarar as mágoas. Essa tua pressa em viver, tua urgência de querer tudo ao mesmo tempo agora, agarrar o mundo com as pernas... não sei quem te ensinou a ser assim, mas continue do teu jeito, essa é tua graça, teu charme.
      Explosiva! Impulsiva! Doida! Uma verdadeira dinamite! Mas inocente. Como pode caber tanta pureza numa pessoa tão pequenininha?
     22 anos, maninha. Estamos amadurecendo. Só quero que saiba que quando você estiver com uma lágrima de tristeza,  parta-a ao meio, dê-me a metade e chorarei contigo. Quando eu tiver um sorriso de alegria, te dou inteiro só pra te ver feliz. E por fim: obrigada por todas palavras doces que já me dissestes, obrigada por todo puxão de orelha, obrigada pelos teus conselhos de irmã (mesmo não os seguindo, eu os escuto). Você é uma grande parte do que sou, a maior parte, com certeza.
     

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Amar(e)los

 
 Acho engraçado o nosso exagero
     Te odeio tanto. Não consigo viver sem ti
     Te amo desaforadamente. Mas sinto náuseas só de ouvir tua voz
     Prometo que nunca vou te deixar. Passo uma semana sem saber notícias tuas.
     O nosso infinito acaba logo ali. Daqui a dois mil anos
Desisto pra sempre, até desistir pra sempre de novo.
     Gosto tanto de azul. Sempre tive uma queda pelo amarelo
     Amarelos. Amar elos.
     

Egoísmo


      Um ato impulsionado por um sentimento tão forte que não consigo expressar com palavras, não sei se ficará de fácil entendimento, mas é como se a força de 200 leões me direcionasse a cometer aquele erro.
     Mesmo sabendo que estava preste a dar um passo em falso, entrando num caminho sem volta, fui lá e fiz. Com uma determinação enorme, não me reconhecia.
     Olhar pros lados e não achar saída, ver a esperança escapando pelos os dedos... era assim que me sentia, e ainda me sinto. Sem perspectiva de ter o futuro brilhante que meus pais sonharam pra mim. Talvez lançaram muitos planos sobre meus ombros, e eu, na minha fragilidade, não soube suportar o peso. Nem aquilo, que antes me dava contentamento, consegue me deixar um rastro de felicidade. Minha presença exala fadiga e minha postura amarga anda exausta.
     Depois caí em mim. Fui egoísta e covarde.
     Posso afirmar que conheci o fundo do poço, cheguei lá por vontade própria, andando com meus pés. Pra que isso ocorresse o desespero me tomou conta.
     Não sou boa filha, nem boa amiga. Detesto ter que sair de casa, não dou tanta atenção para as pessoas que mais amo. E mesmo fazendo tudo errado, torto e ao contrário, sei que a única coisa que quero é ser amada. Esse é meu jeitinho nada convencional de pedir amor.
      Quando não vi mais estrada, tentei fugir pelo atalho. Certo dia, uma amiga me disse para enfrentar o problema, e não fugir dele. Desculpe, minha querida, não posso mais. Às vezes sinto-me tão só que converso com a solidão. Odeio estar sozinha, mas não faço nada para mudar o quadro. Por achar que  não sou boa companhia, me isolo.
     Prometo que vou abrir meu leque de alternativas e tentar aproveitar as oportunidades. (Foque bem no "tentar") Não posso garantir nada, me desculpe por isso também.
     Mas é como dizia aquela música para curar dores de cotovelo: eu ainda sou bem moça pra tanta tristeza, deixemos de coisa, cuidemos da vida.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Papo de Chico



      O quê que anda acontecendo contigo, menina? Anda, me fala logo! Não aguento mais ver essa tua carinha de cachorro que caiu do caminhão de mudança.
      Agora é isso? Você jura que toda essa tristeza é por conta de preguiça da raça humana? Todas pessoas são iguais? Todos te maltratam? Ninguém liga pra você?  Fala sério, gata! Tu anda muito amarga ultimamente. Deixa eu te dizer umas coisinhas que podem mudar teu astral... hoje, quando eu ia indo pra faculdade, pensei assim: "Caralho, mano, assistir aula de novo? Chatice! Nem sei se esse é o curso que quero." Mas aí parei 1 minuto, virei o rosto, e do carro pude ver um cara mais ou menos da mesma idade que eu, da mesma altura, e até do mesmo porte físico (fortinho, se é que você me entende). Pois bem, esse cara também estava parado no sinal, mas não dentro de um carro, como eu, ele estava vendendo morangos. Aí eu vi a importância da aula chata pra caralho, dei um valor absurdo pras coisas que aquele professor pé no saco fala, e ainda lembrei dos conselhos impertinentes da minha mãe: "Estude, meu filho, seja alguém na vida." Achou brega? Brega? Ah... brega era a bermuda que aquele cara do sinal estava usando. Longe de ser a bermuda que você me obriga a combinar com a camisa e com os chinelos, mas acredito que ele nem ligou, porque dos males, esse era o menor.
       Gata, deixa essa birra de lado. Não é porque uma pessoa te fez alguma coisa ruim que todas as outras também vão fazer. Eu te entendo um pouco, vejo o seu lado, eu já estive nele. É realmente absurdo pensar que o mundo inteiro não presta. Não generalize, minha linda, somos 6 bilhões, e 1 só não tem força de nada.
      Vamos combinar assim... você expande os seus horizontes, limpa todo o histórico do coração e decora uma frase que vai deixar toda relação mais fácil e talvez mais agradável: "Você não é obrigado a me amar, eu não sou obrigada a amar você, e, mesmo que doa, irei me entregar inteiramente todas as vezes que senti que é o momento, pra me reconstruir quantas vezes for necessário depois de outra queda; assim você não poderá dizer que eu não fiz tudo pra dar certo." E aí, gata, conseguiu decorar tudo? Se não conseguiu, toma aqui um papelzinho com tudo escrito, leia direitinho antes de dormir, leve esse conselho como se fosse uma oração para a Santa Sinceridade do Ser, essa é padroeira de todos que sofrem nesse mundão de meu Deus. Sofrer não é privilégio seu, gatinha. Lembra que eu disse que somos 6 bilhões? Pois é, 6 bilhões de sofredores que sofrem todos os dias tentando chegar lá.
      Como assim você não sabe onde é o "lá"? Não sabe onde está tentando chegar? Ah... então qualquer lugar serve. Olha aí, cara! Você já deu um sorrisinho! Então eu cheguei lá.
      Onde era o meu "lá"? O seu sorriso, gata. Porque você sorrindo é bonita demais, já te disse que pode cair maior toró, mas sempre que vejo o seu sorriso acontece um verão instantâneo, não esquece disso também.
      Ok, ok... tá certo... eu também te amo, gatinha. Te amo muito.

Final feliz



     Uma sexta feira qualquer, um dia desses em que saio com minhas amigas, com intuito de dar boas risadas, ouvir boa música e jogar conversa fora. Exatamente nessa sexta feira, naquele mesmo barzinho de sempre, a mesma banda tocando as "minhas" músicas. Tudo igual, como deveria ser.
     Seria só mais uma sexta, igual às outras, se eu não tivesse visto aquele menino branquelo, tão comum, que poderia ter passado despercebido. Pois é... poderia... mas não passou.
     Eu notei como ele tinha um sorriso bonito, e parecia tímido, porque sempre que sorria ficava um pouquinho rosado. Notei que o senso de humor dele era parecido com o meu. Dois irônicos.
     Tão parecidos no jeito, nos gostos. Tão parecidos, que rolou fácil. Nunca havia sido assim. Não comigo.
     Mas com ele eu senti que poderia rolar sim, a sintonia era enorme. Bati o olho, e me identifiquei! Não sei se ele acreditou nas coisas que eu disse, quando garanti que com ele foi diferente. Não estou falando de amor, claro. É a tal da incompreensível atração humana, essas coisas que Freud tenta explicar e que não cabe a mim entender, só acatar a decisão do universo, e, naquela noite, o universo decidiu nos unir.
     Fico maquinando na minha cabeça o que o senhor universo quis com isso de nos juntar por uma noite. Percebo que posso conceber o fato de duas pessoas se darem tão bem ao ponto de não passar disso, pra não estragar o que foi tão bonito. Foi bonito pra mim, foi bonito pra você. Aconteceu. Fluiu.
     Vai ver, há pessoas no mundo que foram feitas para passar por nossas vidas, e mesmo que permaneçam pouco tempo, deixam suas marcas para sempre. Você é uma dessas pessoas marcantes, a minha queridinha cicatriz.
     Aquela sexta feira tão igual, aquele lugar tão conhecido, aquele menino branquelo tão comum... tudo único e essencial, formando um ciclo de coisas marcantes e especiais. Protagonizamos momentos inesquecíveis, foi intenso, não duvide. Você, na sua enorme leveza de alma, me plantou uma flor no coração. Não podia ser diferente, afinal, somos gêmeos, nos guardamos um no outro, e sabemos onde podemos nos machucar. Escolhemos a alternativa de vivermos felizes com a distância, e decidimos que nunca nos esqueceremos.
     Você não notou isso? É verdade! Acontece involuntariamente. É uma espécie de novela... nossa história ainda tem muito pano pra manga, o capítulo de hoje pode ser uma comédia, suspense, ou terror. Mas drama não! Drama não combina com a gente. Somos feito plumas, entramos e saímos da vida alheia com a maior serenidade possível. O nosso encontro, nossas conversas sem nexo, nossos posicionamentos infantis, qualquer detalhe de rotina, nos traz paz. Essa novela já tem o "felizes para sempre" escrito em letras garrafais.
     A gente deu muito certo, cara.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sua majestade, a solidão


    Sabe aqueles dias em que você tem um estalo na mente, e para pra pensar? É isso mesmo, pra muita gente eu não faço diferença. Minha presença pode ser muito bem substituída, outras companhias são mais agradáveis. Meus amigos não aguentam mais ouvir minhas reclamações, não suportam ter que carregar o peso da minha amargura.
      Eu os entendo. Entendo perfeitamente.
      Agora já sei o meu lugar, sei exatamente onde devo resguardar toda minha angústia. O lugar não é tão confortável, e é escuro até demais; pequenininho, me sinto um pouco sufocada... costumo chamá-lo de "solidão". Estou tão íntima, me sinto de casa, e já apelidei minha nova morada de "só-eu".
     É um lugar portátil, me sinto "na solidão" onde quer que eu esteja. Na solidão do meu quarto, na solidão dos meus livros, na solidão do meu blog.
     A solidão me permite ser quem eu sou verdadeiramente. Com ela não tenho vergonha ou cerimônia. Eu choro com a solidão, respiro solidão, e mesmo quando estou calada, consigo falar com a solidão; só ela me ouve. Minha querida "só-eu" já viu eu me assistir nas novelas, me enxergar nos filmes, me ler nos livros, me afundar na melancolia, etc... perfeita testemunha de tudo que me ocorre, não reclama, não dá palpite, apenas  observa-me procurar uma história pra viver.
      Não entendo gente que tem medo de solidão. Se encontrar, viver consigo, às vezes agrada. Eu, assim como você, não sou de todo mal. Dou pro gasto, e aprendi isso com a solidão. Meu autoconhecimento cresceu, meu amor próprio também. A solidão presenteou-me com a busca de mim.
      Se eu não sou boa companhia, dane-se! Tenho a mim, tenho a solidão. Ela pode não ser doce, mas é o que tem pra hoje.
      A solidão sempre vem acompanhada de uma vontade súbita de sumir. Quem nunca sentiu isso, não é mesmo? Sumir! Mandar tudo pro espaço! Ficar em casa assistindo TV, sem preocupação de andar maquiada, ou sempre sorridente, ou calçar um belo salto alto. Minha solidão não se importa com a aparência, ela só quer meu bem, me abraça forte.
      Conhecedora de mim, sei que falo, escrevo, penso nem sempre na mesma velocidade, nem sempre na mesma ordem. Pessoas, às vezes, não são capazes de captar minha mensagem, mas a "só-eu" entende, acena com a cabeça e sorri: "Pois é, menina. Você tem as linhas da mão tortas, você nunca será um exemplo do bom e do melhor."
     Cansei de me colocar no papel de figurante, cansei de ficar sendo espectadora da vida alheia, cansei de não conseguir me estabelecer em um local, cansei de ser tão meia boca.
      Cansei.
      É que já é tempo de repousar as palavras num canto e a cabeça no travesseiro.
      E que seja. Que seja.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Acabou chorare

      
      Não vejo mais graça em sofrer. Então, qualquer coisinha triste que tenhas a me dizer, diga sem rodeios. Pois o que me faz te odiar cada dia mais é o modo redondo com que você ver a vida, sempre em círculos. Mania feia essa de não ir direto ao ponto. 
      Vamos falar de coisa boa? Vamos falar de cogumelo do sol! Que dia bonito para eu ser uma top model, né? Meu rebolado pode dar inveja a qualquer Gisele. E porque não tentar ser cantora de sucesso? Sair por aí cantando nos karaokês da vida. Voltar a ser criança e passar a tarde inteira jogando videogame. Que delícia!
      Passei da fase ruim, e te juro que doeu muito cicatrizar todas feridas que tinham no meu pobre cotovelo. Você agora está triste? Relaxa... vai passar. E não digo isso como um escritor de auto-ajuda, digo como prova viva. Aprendi que enquanto você está triste, o motivo da sua tristeza encontra-se feliz. Ninguém vale 1ml de lágrima. Se você não está feliz com você mesmo, não consegue ver sentido nessa vida fajuta, mesmo assim, sorria! O sorriso pode até não ser de felicidade, mas só atrai coisa boa, já a vida, continua fajuta, essa não tem jeito.
      Um dia a gente perde, no outro a gente apanha, no outro a gente nem tenta... não é mesmo? Num dia a gente perde (a vergonha), no outro a gente apanha (na cama), no outro a gente nem tenta (fazer diferente). Modificando aos poucos temos resultados significativamente melhores. Por isso: aos poucos e devagar, mas sempre direto ao ponto e com objetivos!
      Esse negócio de super herói fica só pras historinhas infantis. O máximo de heroísmo que posso ter é ser a super filha, a mega amiga, etc. Minhas forças contra o mal do mundo são ínfimas, minhas forças para o meu bem são totais. Levando, levando, levando... vida leve.
      Feliz por nada, sabe? Por porra nenhuma! Acabou chorare, ficou tudo lindo.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Por não ser correspondida: da imaginação à reação


      Meus olhos desviam a atenção, mas o coração não tira o foco, e, junto com isso, meu cérebro se confunde. O que é que eu faço? Finjo que estava super entretida no papo do meu primo e, por isso, não vi ele entrando? Coloco o pé no caminho propositalmente, pra ele topar e me notar? Esbarro nele e armo aquele climinha de "acidente tão coincidente"?
      Ai, Jesus, tenha misericórdia! Acho que vou infartar! Meu coração mais parece a bateria da Portela, minhas mãos suando, geladas e trêmulas. Meus olhos fixos em meu primo que insiste em falar sobre como Teresina está quente, eu já super desinteressada no assunto, me resumo a balançar a cabeça, concordando com tudo. Começo a achar que, de tanto balançar a cabeça, meu cérebro saiu do lugar, eu não consigo pensar no que fazer. 
      Ele está se aproximando! Ou colei chiclete na cruz, ou bebi muito vinho na santa ceia, porque só isso  explica essa provação que passo agora. Pronto! Ele passou por mim! Tenho certeza, eu enchi a cara com os discípulos, e isso é castigo por eu ser uma má menina em todas as vidas. Pegou no meu ombro! Agora posso morrer... o sangue desce todo pros pés. Palideço. 
      Sei que ele vai falar... vamos... diga alguma coisa. 
      - E aí, mano?
("Mano"? Ele me chamou de "Mano"? Cadê uma ponte pra eu me jogar?)
      Responde, menina, não pode ser tão difícil responder uma idiotice dessas...
      - E aê? Beleza?
(Nossa, superação, hein? Juro que por essa não esperava.)

      Não tenho muita certeza, mas acho que consegui sorrir. Será que meu cabelo está bonito? Será que ele notou que estou com a mesma blusa de que quando nos vimos pela última vez? Depois de todo meu sofrimento, da saga anatômica pré-encontro, ele passou por mim como um piscar de olhos. 
      Nem consigo aproveitar a noite, fico paralisada olhando pra ele (de longe, óbvio). Que sorriso lindo! Como ele tem estilo! E essas botas? Ah! Só ficam bonitas nele. 
      Opa! Quem é essa vaca? Porque estão se abraçando? Beijo? Ah não! 
      Espero alguns dias... até porque ela pode ser mais uma dessas piriguetes que se jogam em cima dele. Não tiro a razão delas; ele é lindo, rico, estudioso, bom filho. Todo mundo tem direito de querer alguém assim, mas, por favor, queridas piriguetes... procurem outro! Esse não. Esse aí é meu! Sofro por ele todo dia.  Já imaginei até onde vamos morar depois do casamento, nosso sobrado amarelo, com dois lindos filhos, um golden retrive... praticamente um comercial de margarina.
      Ilusão... pouco tempo depois, ele muda o status de relacionamento nas redes sociais. Caiu o mundo... não sinto meus pés, meu coração tem uma batida a cada 5 horas, meus olhos não querem acreditar naquilo. Não... não pode ser. Tiraram ele de mim?
      Eis que acontece: Revolta! 
      Saio a noite, à procura de outra pessoa, não quero mais saber dele, hoje meu objetivo é diversão. Aliás... como é mesmo o nome daquela criatura tosca? Ridículo! Dança feito um bobão. Nunca consegui entender porque gostei tanto assim de um homem que se julga o melhor do mundo, mas é igual aos outros.
      Uso meu melhor vestido, e aquele batom vermelho que enlouquece qualquer um, entro na festa. Hoje vou arrasar! Descer até o chão! Darei meu showzinho.
      Dou alguns passos e... Eles dois? Não! Vida, porque és tão cruel comigo? Onde posso me esconder? Já nem noto os olhares dos outros homens. Outros homens? Acho que não vi nenhum, além dele. Ele e ela. Eu e meu coração, despedaçados mais uma vez. 
      Não tenho mais nada o que fazer aqui. Festa chata. 
      Volto pra casa, quero pensar em outra coisa, em outra pessoa... não consigo. Meu coração fica apertado com tanto sofrimento, meu cérebro se ocupa com as lembranças ruins da minha vida amorosa que parece uma piada, meus olhos se derretem em lágrimas. Não posso suportar... só queria saber: quando isso tudo vai passar?

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Legalmente louca


      Desde que me entendo por gente a frase: "Tu é muito diferente, cara.", me acompanha dia-após-dia, e não há nada que eu faça pra mudar isso, então é acostumar-se a sentar sempre a margem do que é normal.
      Não quero discutir o que é normal pra mim, o que seria normal pra você, isso não cabe num texto onde a loucura e diferença são tratados como característica, não como defeito ou qualidade.
     Sou aquariana, já nasci com um pé na criatividade, e com dois no desapego. Num mundo onde as menininhas se apaixonam, tomam porres quando estão com dor de cotovelo, e depois choram no colo das amigas; eu realmente me torno a "esquisitona". Não sou de me apaixonar fácil, não saio por aí declarando amor aos quatro cantos e muito menos demonstro fraqueza ou ciúme a outra pessoa. Sabe como é... aquariana já é difícil por natureza.
      O problema em ser sempre a diferente é quando você se torna igual ou parecida com os outros. É difícil dizer isso, vai doer mais em mim do que em você, mas é pura verdade. Qualquer hora dessas você se iguala a elas. Vai se pegar pensando em outra pessoa com carinho, numa tarde de quinta feira vai estar escrevendo como sua vida ficou legal depois que conheceu essa pessoa, e (o mais tosco de tudo) vai sair por aí procurando pessoas com o nome igual, com o mesmo perfume e que também curtam a mesma banda.
      Ledo engano... nenhuma pessoa é igual àquela. Que chato! Agora a diferente não é mais tão diferente assim. (A não ser no gosto musical, porque ninguém que você conhece consegue gostar  de Jorge Aragão e AC/DC ao mesmo tempo.)  De acordo com o passar dos dias, semanas, e etc... você vai sentir falta da outra "eu", da menina "pego e não me apego", ou da que não ficava com ninguém porque não queria ter um mané enchendo o saco.
      Tudo agora parece confuso... porquê você se sente capaz de aguentar um mané enchendo seu saco pela vida toda. Sente falta das ligações impregnantes, das perguntas idiotas. "Tá fazendo o quê?" Sério que interessa o que eu estou fazendo? Onde estou? Não... já sou adulta, nem pros meus pais eu dou satisfação. Mas e aí? Porque raios eu quero tanto ver a pessoa que pega no pé? O zodíaco explica: "Quando ama de verdade, aquarianos tendem a se entregar." Amar de verdade? Logo Eu? Não... tá errado! Meu coração é blindado, flechada de cupido bate e volta, nunca entra.
      Cara, eu simplesmente entrego os pontos, e assumo; eu não me entendo mais. Sou mais louca do que imaginava? É isso? (Minha mente responde - com um tom de sarcasmo e ironia.) "Sim, minha cara, você é a mais incompreensível das criaturas."
      Por um minuto eu acho que estou enturmada, "Nossa, também sou uma delas. Uma das menininhas bobonas e choronas." No outro segundo já penso, "Será que tem algum curso no SEBRAE ensinando como sofrer dignamente por amor?"
      Talvez tenha, e os aquarianos entram por cotas pra deficiente. Deficiente do coração.
      Eu li em algum lugar um texto tão maluco quanto eu. Mais ou menos assim:


"O melhor foco é o que me desfoca inteira. 
                                 Tudo que me tira do prumo me coloca no eixo.
  Só me encontro quando me perco, se me mando não me obedeço e desordem é a palavra de ordem da minha vida.
Não adianta, só vira minha cabeça mesmo, quem vira minha vida de cabeça pra baixo.
 Pra ficar do meu lado tem que me virar do avesso.
Se tem uma coisa certa que eu sei fazer é coisa errada.
Tudo dá certo quando eu erro com vontade.
Porque o melhor tombo do mundo é cair em tentação."

(Fernanda Estellita)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

In-tesamente Lituânia


       Cerca de 10.798 km separam o Brasil do país Lituânia . Eu ousaria dizer que a minha Lituânia passa disso, a distância dos seus pensamentos e da sua evolução enquanto pessoa, vão a ano-luz de qualquer outro ser que por aqui habitar. O país Lituânia se envolveu em algumas disputas territoriais. Já a minha Lituânia é da paz, as suas confusões ocorrem internamente, um sentimento só não basta, ela precisa de um turbilhão! 
      A minha Lituânia é um vulcão de emoções, eternamente em erupção, em suas lavas, aquele amor capaz de derreter até o mais rígido dos homens. A Lituânia país não tem vulcão, mas tem petróleo, sinal de que as coisas por lá tendem a melhorar. Com a minha Lituânia não sei se isso pode acontecer, pois não imagino como ela pode se aperfeiçoar. 
      Apesar do seu tamanho reduzido, o país Lituânia se fez grande na Europa quando foi a primeira república soviética a proclamar sua independência, e nisso ele se iguala a minha Lituânia, pois essa nasceu independente, revoltada, cheia de força pra enfrentar qualquer luta e disputa que vier pela frente.
      Deixemos o paradoxo de lado. Nenhuma definição, seja ela; econômica, geográfica ou histórica; seria capaz de conseguir expor a pessoa que a minha Lituânia é. E falo "minha", com posse dessa amiga maravilhosa que os encontros e desencontros da vida me proporcionaram. Personalidade marcante, caráter forte e uma intensidade que lhe é peculiar. Acho que encontrei a palavra certa: "intensidade".


"- Na minha família, eles já desistiram de mim e me classificaram como diferente demais. Criei a reputação de ser uma pessoa que, se alguém diz a ela para fazer alguma coisa, quase certamente fará o contrário. Também sou muito esquentada. (...) As pessoas me consideram uma pessoa difícil."

(Comer, rezar, amar - Elizabeth Gilbert)

      Sim, meu bem, você é uma pessoa esquentada e um tanto quanto difícil. Mas gente fácil e comum são chatas e cansativas. Esse é o seu charme. Sou lituana com orgulho. Nasci e me criei aqui, no seu jeitinho especial. Intensamente Lituânia.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Thanks for the memories



      Sempre me preocupei bastante com meus amigos e, vez ou outra, me pego pensando: "O que será que fulaninho está fazendo?". É um sentimento que chega a ser maternal, um querer bem incalculável. Tenho cuidado com você, assim como um joalheiro tem com a mais preciosa e delicada jóia. Mas vou evitar comparações, pois nada pode ser comparado ao valor que você tem. Te dediquei aquela frase meio clichê: "Na minha memória - já tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos." 
      Avalio nossa relação como se fosse uma surpresa que a vida pregou em mim, surpresa boa, of course. Logo você que conheço desde a infância, jogando videogame, jogando futebol. Logo você que é meu parente, mas andou um pouco distante de mim. Logo você que tem pensamentos e comportamentos tão diferentes dos meus, e mesmo assim não consigo citar alguém que se pareça tanto comigo.
      Me falam que não acreditam na nossa amizade, que temos cicatrizes de outras experiências, que não vamos conseguir levar a vida depois de tudo isso, aquilo, etc. Não quero responder essas pessoas, pois,  como bem sabes, já cansei de tanto bate boca, quero minha paz. Minha paz mora contigo, meu amigo, e ninguém sabe melhor sobre nós, do que nós. Sou, e quero ser, acima de qualquer coisa, sua amiga. Quero que você não tenha receio de falar o que sente para mim, o que fez, como foi seu dia. E, se precisar sentir-se especial e amado, me ligue.
      Comente o quanto meus pés estão gelados, fale da minha mania tola de arrancar rótulos, ou como meu cabelo está bonito. Se irrite comigo quando eu baixar o volume do som do seu carro (tem que ser número par), ou discuta sobre música e filmes (eu ainda sou champagne, e você a vontade que dá de repente de tomar fanta uva).
      Tudo isso revela a nossa ligação, a intimidade que nos é sagrada. Mas acredite, por mais que você me conheça, eu sempre vou te surpreender. Acho que essa é minha maior característica, não sei ficar quieta. E se depender de você, ou de mim, isso não vai mudar, não é mesmo? Até porque, por mais que queiramos sossego, tem de ser repleto de detalhes de felicidade, aquelas coisinhas que acontecem, e que nos marcam para sempre, os nossos pequenos/grandes momentos.
      Estava prestes a citar Caio Fernando outra vez, quando ele diz: "Queria tanto que alguém me amasse por alguma coisa que eu escrevi.", mas lembrei que emprestar as palavras dos outros nem sempre tem o mesmo efeito do que escrever. Principalmente em se tratando de querer que nos amem por isso. Já te falei isso uma vez, e vou falar de novo: "Você é minha turma, mané." 
      Ah... vê se não sai do meu lado. Eu não sei me cuidar sozinha, e não quero imaginar como seria minha vida sem você. (Ok, fui brega.) Não se ache, mas esse foi o jeito que achei pra te dizer que te amo mesmo, isso não é coisa da minha cabeça. Você é foda!



P.S: para você, Victor Andrade

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

C'est moi


        E mais uma vez ouvi a tal frase: "Não te conheci assim." 
      Ouço, respondo mentalmente com alguns palavrões, mas depois acalmo, respiro fundo e digo: "Isso foi um elogio, né?" Fico feliz, pois ultimamente vejo que sim, isso é um elogio. Passam-se alguns minutos, horas até... e me pego pensativa, tentado formular na minha mente que tipo de ser tão não-passional eu era, ou que muros foram esses, tão fortes e altos, que eu construí, me separando assim do mundo, das emoções.
      Me acostumei com a ideia de ser aquela pessoa que se joga do precipício, de olhos fechados, pra não ver a queda, mas aproveitando a ótima sensação de ser livre.
      Hoje me vejo uma pessoa que fala, chora e escreve como uma daquelas mocinhas de filme água com açúcar. Deixo transparecer minha vulnerabilidade, coisa que muitos acreditavam que não existia. Não me sinto livre, nem quero! Pode soar estranho, mas assumo precisar das pessoas. Quero abraço, atenção, sorrisos e até choros. Quero tudo doce e delicado.
     Então é isso, me rendo aos encantos de ser dependente, e espero os frutos que a (con)vivência possa me trazer. Você não me conheceu assim? Ok. Nem eu. Apenas aprenda a lidar com esse novo ser que lhe foi apresentado. Um ser que habita o mesmo mundo que o seu, que é capaz de se doar, de andar de mãos dadas. Tudo tão imprevisível, para mim e para você. Mas o imprevisível é a felicidade que não foi convidada, não é mesmo?
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