quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mais eu


      Feito um baralho na mão do jogador, me abri inteira, mostrei ao mundo minha dor e minha felicidade. As pessoas acham que amar é isso, esse desmanche de sentimentos. Tipo receita de tia velha do interior; pega um pouquinho de cada coisa, corta, mistura e joga água, quando ferver, está pronto. Taí o amor que você merece. Esse que joguei na panela e deixei em banho maria.
      Amor é vulgar. O mais vulgar dos sentimentos. Não faz sentido depender de alguém que não seja você, algo alheio não deveria interessar. É tão last summer, brega. Suspirar, pensar, falar de outrem. Amar é cafona.
      Vou lá realizar meus sonhos, vou me dar o direito de ser o que quero, ser meio bossa nova, meio rock and roll, definir a minha hora certa. Eu vou sozinha e volto quando bem entender. Pois amor de nada vale sem mim.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Do desapego


      Sei que não devia te dizer isso, menina. Não quero aumentar o que já está grande... tuas feridas, tua dor e esse teu sorriso forçado, tentando - em vão - demonstrar que não sente nada por mim.
      Você vai me dizer mais uma vez que sou convencido, que penso ser o centro das atenções do mundo inteiro. Não sou o centro das atenções mundiais, não há nenhuma conferência internacional falando sobre minha samba canção de seda que você odeia. Apenas encaremos a realidade: eu sei que você perde noites de sono tentando decifrar o que eu quis dizer com aquele "Então tá. Você sempre tem razão!" e que chora de raiva lembrando da noite em que discutimos feio depois de temos ficado.
     Falando nisso, queria te pedir desculpas, cara, nunca quis te despertar paixões, ilusões, ou expectativas quaisquer. Foi legal o que rolou entre a gente, rolou muitas vezes até. Você é bonita, de uma beleza que deus-me-livre nunca vou conseguir explicar, mas não há amor, nunca teve amor. Então vê se para de poetizar qualquer sensaçãozinha, e volta pras aulas que separam amor de atração. Essa tua intensidade é que te mata!
     Você pode achar coisa melhor, tipo um cara que caia nas tuas jogadas de cabelo, alguém que tenha mais tato e sensibilidade; afinal, você é uma mulher e tanto. Ah sim... te considero uma amigona! A melhor amiga que tenho, talvez a única. Alguma coisa disso tudo ficou. Uma amizade que levarei pro resto da vida. Cumplicidade, companheirismo, etc... essas coisas que rolam quando estou ao seu lado, sabe como é que é.
      Sei que não é por acaso que você me marcou com tanta força, mas nem tudo que marca é definitivo. Vou dar uma sumida, pra ver se você desapega. Ocupa tua mente com outra coisa, sei lá... vai ler, sair pra beber, escalar montanhas, pentear macaco. Me tira de uma vez da tua vida, da tua mente... assim como eu fiz com você. Vê se me esquece, amorzinho.
     Espero que a distância aumente o ponto do "nunca". Nunca mais.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Já era, aquarius


      Não sei quantas vezes mais vou ter que reclamar com o horóscopo. As informações não são condizentes com a realidade. Sendo bem clara, acho que nunca foram. É difícil compreender como que um aquariano se envolveu com outro, isso não poderia acontecer, são aquários diferentes... é muita loucura junta! Traços de uma personalidade marcando a outra personalidade, e um sorriso largo que chega a envergonhar os olhos, com tanta doçura rude.

      As estrelas estavam de sacanagem quando traçaram esse enredo, ou então o universo inteiro tirou sarro de vossas caras quando decidiu colocar essas duas pessoas frente-à-frente. Duas pessoas que não gostam de dar o braço a torcer, duas pessoas pessoas modernas, duas pessoas inteligentes... e mais outras trocentas características apaixonantes, que só essas duas pessoas irão saber.

      Aquário de frente para outro aquário vira espelho, não? Antes fosse... aí tudo ficaria resolvido, aí poderia estabelecer se é hora para amar, ou hora pra chorar. Maluquice, maluquice, maluquice.

      Por quê que as pessoas não resolvem logo todos os problemas do mundo e do coração? É só colocar em pratos limpos, desabafar tudo o que vem sendo preso e booom!... catástrofe! Quando se é sincero demais, pode-se cometer sincericídio. Mas seria pecado morrer calada, guardando para si algo tão grande, que para que conseguisse guardar, Deus teria que ter feito um punhado de tupperware para depositar tudo.

      E eu me pergunto quando foi que o futuro começou a vir até nós, procurando ajudar e fazer as coisas acontecerem... Pelo amor dos Astros, ninguém nesse mundo veio para esperar! E os aquarianos gostam de desafiar o amor, quando acreditam que amor existe.

      Tudo foi tão esperado, foi tanto tempo deixando que lhes dissessem a melhor maneira de lidar com cada pedaço de atenção, cada gole de vinho, etc. Vocês estão com sangue e vida e olhos e pulso, quebrem todas as possibilidades astrológicas.

      E senta, que lá vem futuro...


P.S: Espero que não tenha ficado chateada por eu ter "exposto" a história de vocês, my flower.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Almodóvar me fez esquecer


      Tanta coisa que preciso fazer, falar. Deixo tudo sempre pra depois, não sei o porquê, é algo incontrolável. Deve ser a porção de elemento X que caiu no caldeirão quando eu estava sendo feita por Deus, ou alguém que faça pessoas, não sei. Já é hora de eu te falar da necessidade da tua presença, e da saudade que fica quando você vai.
      Hoje eu te liguei, pedi pra você vir me encontrar, estava com tudo na ponta da língua, decorei o texto na frente do espelho, sairia algo como: "ou você me quer, ou você me deixa." Perfeito.
      Enquanto você fechava a porta, eu repetia para mim mesma o que queria dizer, começou "ou você me quer, ou você me deixa", entrou em casa, eu repeti a frase, agora de olhos fechados "ou você me quer, ou você me deixa." Certo, mais dois passos à minha direção, começo a gaguejar e as mãos a tremer, a frase não sai como antes, agora virou um "ou vo-cê me... quer, ou vo-o-o-cê... me de-eixa."
      Chegou até a mim, me deu um abraço e um beijo na testa, comentou que minhas mãos estavam geladas, e perguntou se eu vi o novo filme do Almodóvar.

      - Olha, eu vi sim! Adorei muito! Maravilhoso, como todos os outros. O título então é fantástico "A pele que habito", tem coisa mais genial?
      - Fala sobre um tema tão incomum... Almodóvar é o cara.
      - Verdade... teve momentos em que eu perdi o fôlego assistindo, ficava tensa com o comportamento do Dr. Robert e da Marília.
     - Ah é.

(Silêncio)

      - Então... você me chamou, queria me falar uma coisa muito importante... diz aí.
      - Eu? Sério?
      - Sério, pô! Você me ligou no mínimo umas 10 vezes, vim aqui correndo pra saber o que era.
      - Ah... ia te dizer que: "ou você... ou você... ou você..." Ih, esqueci.
      - Hahaha, ai ai... tu é maluca mesmo!

      Depois disso, a contagem regressiva da minha bomba relógio parou, você puxou o fio certo, estou desarmada mais uma vez. É esse teu sorriso, teu maldito sorriso que me desarma sempre, que me faz acreditar que é mais viável perde-se do que perder-te. Continuemos então com o triângulo amoroso: eu, você e nossa confusão.
     A tua presença me anestesia e eu acabo, mais uma vez, fugindo do objetivo, me entregando, e esquecendo, nem que seja por poucos minutos, o sofrimento de noites inteiras. Correndo risco, perdendo o controle com você.
      Da próxima vez eu escrevo num cartaz o que quero te dizer, colo num outdoor para todos serem testemunhas. Ou então tapo meus olhos, para não ver teu sorriso de medusa... vai que dá certo?!
      E, por favor, deixe Almodóvar fora disso.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A paz do tempo


      Encontrei o que procurava há anos, aquilo que incansavelmente me revirava do avesso, tirava meu sono, me fazia chorar, dá ataques de solidão, ter necessidade de atenção, etc...
       Não é nada de "amor", aliás, é sim! É tudo de amor, mas não amor de Eros, é um amor-próprio. Amor calado, mas não cansado. Amor sem tumulto, sem algazarra. Tão verdadeiro que não necessita ser divulgado, nem ter os holofotes do mundo inteiro. Puro, calmo, generoso, amigo. O amor de que falo é a plenitude.
      Sentir-se plena é tudo que todo ser humano deseja. Plenitude de alma, leve, calma... uma sensação de que tudo está em seu devido lugar. Se eu pudesse definir "plenitude" seria: o amor do tempo. É com o tempo e com as experiências que adquirimos a mudança que queremos. Aos poucos vou deixando de escutar certas músicas, deixando de usar certas roupas, deixando de dar importância a certas pessoas.
      As pedras do caminho são minhas amigas, de certa forma,  me empurram para o crescimento. Tomo para mim a filosofia da água, não discuto com os obstáculos. apenas os contornos.
      Não que os problemas tenham diminuído, foi eu que cresci.
      Demorei tanto para encontrar essa paz, acho que mereço uma coisa  indestrutível e inteira, sem desespero, sem remendas, sem rasgos. Mereço o melhor, sem culpa. Reza a lenda que a gente nasceu para ser feliz.
      Concordando com Caetano, o tempo é realmente um dos deuses mais lindos.


"Deixa o amanhã e a gente sorri, que o coração já quer descansar."
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