terça-feira, 22 de maio de 2012

Quando o certo chega, o imperfeito desaparece


      Acho bonitas tuas cicatrizes e gosto do teu jeito irritante de discordar com tudo que eu digo. Admiro o modo sutil com que deixas claro que quer me amar, me cansar. É perfeita a maquiagem que você faz nesse teu ar banal de "qualquer coisa, me liga", mascarando a segunda intenção embutida, e fazendo assim, sempre assim, que eu me prenda cada vez mais, que eu não consiga ir embora, que eu não queira ir embora. Foi bom descobrir que o príncipe não me bastava, eu quero um homem, de carne, osso e sorrisos.
      Me faça acreditar que você é capaz de me aturar, de suportar minha chatice, minha insônia e essa sensibilidade exagerada. Ature meus dramas, meus ciúmes e minhas piadas sem graça. Segure as pontas quando me faltar romantismo ou quando eu ultrapassar a cota de carinho. Eduque meu coração para o amor, e, por favor, continue sendo imperfeito, porque só assim me vejo ao lado de um semelhante. Somos essa dupla que ri do que faz, enquanto deveria chorar.
      E aí já é tarde demais, me pego amando todos teus estragos, costurando os rasgos, cuidando dos machucados. Nada é mais bonito e correto que o montante de defeitos que é você. E é muita crueldade pedir pra você mudar.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Reforma


      Somando todas as desventuras vividas, acho que tenho, mais que qualquer um que está sentado no sofá, a chance de ser feliz e de poder viver o amor, além das palavras. Sem pressa, de mansinho, amaciando a dureza. 
      Meu coração costumava ter paredes feitas de pau-a-pique, mas elas acabaram por desmoronar no inverno passado, e então, eu jurei que nunca mais iria me aparecer alguém, que nunca mais veria em alguém o que já havia visto, ou sentiria por outro alguém o que já havia sentido. 
      O meu tempo durou a passar, sofri um tantinho a mais, pra tudo vir caprichado, do jeito que eu mereci, sem falsa modéstia. O verão enfim chegou e com ele veio você, reforçando as paredes, redecorando aqui dentro, uma esperança aqui, um carinho ali e pronto: me sinto abrigo novamente.
      Começo de história é sempre igual: euforia, e uma falta de fôlego que não passa, não passa, não passa. É aquela coceirinha que dá no meio das costas, num lugar em que minha mão não alcança. Peço pra essa pureza durar, pro tempo acalmar de novo, agora na maravilha que é, que tem sido, eu e você. Tirando a poeira da palavra "amor", usando como se fosse a primeira vez. Eu sei que dá trabalho ser feliz, mas vale muito a pena.
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