sexta-feira, 9 de março de 2012

Você, a gente, isso tudo


      Eu tenho medo de te assustar, assim, como sempre temi assustar a mim mesma. Mas eu olho pra você e parece que não importa. Não importa que eu seja assim meio virada do avesso, que eu chore sem motivo, que eu olhe pra trás e tenha certa saudade da velha vida, às vezes... Porque você destrói tudo isso com um sorriso e com uma vontade de viver a qual me contagia tanto, mas tanto! E mesmo quando eu não suporto a vida e choro, é no seu ombro que eu encontro essa ânsia de viver o que eu não tenho. Não de um jeito clichê, pontuado pelo tom enjoativo de um romance piegas. Seu ombro é um lugar concreto onde eu aprendo a encarar minhas partes mais feias e fugir da solidão de um banheiro qualquer, refúgio angustiante de outrora. Você me fez prometer que eu não esconderia mais minhas lágrimas no espelho. Se eu consigo? Nem sempre. Mas é só com você que eu tenho vontade de tentar.
      Quando eu te olho e rio sozinha, você sempre pergunta o que foi, e eu sempre respondo: "você." Penso que isso é suficiente.
      É que como eu me enxergo muito bem por dentro (apesar de quase nunca compreender o que eu enxergo), fico achando que é só eu dizer coisas simples - tipo: "você", "a gente", "isso tudo" - e você também vai ser capaz de ver. Vai ser capaz de entender que quando digo "você", eu quero dizer, na verdade, bem assim: o que me faz rir é essa sua capacidade de aquecer uma parte do meu coração que estava congelada a muito, muito tempo. E que com "aquecer" eu quero dizer mais uma infinidade de coisas difíceis, quase impossíveis de explicar. Mas que são tão bonitas. Tão.

terça-feira, 6 de março de 2012

Baseado em fatos reais


      Sinto saudades do tempo em que não ligava pra quem me ligava, que não dava satisfações pra ninguém, que debochava da opinião alheia sobre mim. Já tive menos sentimentos, menos coração e me achava mais feliz.
      Essa coisa de pensar demais no mundo, no futuro, etc... anda me cansando. Muita reflexão deixa a gente paranoico. Queria voltar a ser roteirista, diretora e protagonista da minha comédia nada romântica. Mudar o cenário das gravações, cortar cenas, pular capítulos, alterar trilha sonora, e,  finalmente, engrandecer o desfecho da história.
      Diminuí as perspectivas, para tentar me ver como uma mulher maior. Às vezes acho o script  do meu longa metragem uma piada de mau gosto, não foi assim que imaginei. É muito chato ser gente grande, me restou um coração abalado. 
      Outro grande problema, a platéia. O público da minha vida não anda agradando, acho que deve ser fixado uma faixa etária; proibida para menores de 18 anos. Há cenas fortes, violência e sexo. Vamos tirar as crianças da sala.
      Por fim, comprem muita pipoca, alguma coisa tem que valer a pena.
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