É realmente difícil falar sobre nossa amizade, porque não sabemos ao certo como começou. Quando nos perguntam "onde vocês se conheceram?" respondemos: "na barriga de nossas mães." Deve ter sido assim mesmo, né? Ou então em vidas passadas (é o único jeito que encontro pra explicar tanta sintonia.)
Não lembro a primeira palavra que disse a você, acho que foi algo como "gugudadá", mas lembro a última que disse, que foi "amo". Raramente digo a alguém que amo. E a você eu amo, não tenho dúvidas quanto a isso.
Você é minha pequena, minha pretinha, minha Calú, minha Calol, meu talismã, meu refúgio, minha irmã, minha melhor amiga. Sempre tão presente na minha vida, em todos os momentos pude contar contigo. Passamos por muitas coisas, passamos juntas! Das brincadeiras de criança, crises de adolescentes, e os medos da idade adulta.
É difícil acreditar, mas, cara, já somos adultas! Duas mulheres completamente diferentes, é verdade; mas unidas por um laço eterno. Convivência, fatos, saudades, presença, risos, choros.
No nosso livro da amizade temos capítulos engraçados; como aquele nos tempos de jardim, eu risquei seu livro, você arrancou a página do meu, nós brigamos. Aquela guerra de siriguelas lá em casa. A tatuagem que fizemos com espinhos, na panturrilha, com a letra "A". Férias em Campo Maior, passávamos o dia sem fazer nada, mas era tão bom. Toda santa tarde eu ia a tua casa jogar videogame, pular elástico. Os porres que tomamos juntas. Nosso choro assistindo "De repente é o amor". Aquele show do Zeca Baleiro. Todos carnavais em Barras.
Nostalgia me define agora.
Não posso deixar de falar das barras que já seguramos. Chorei tanto no teu ombro, e vice versa. Choramos juntas a morte do nosso melhor amigo, o pior momento de todos, mas a certeza de que conhecemos o melhor ser humano que já habitou esse mundo, nos acalma um pouco a alma, morremos de saudades, mas conseguimos lembrar dele em todo sorriso que vemos, ou damos.
Você é forte, mais forte do que imagina. É linda, de uma beleza única. Atrai os olhares de todos, você é boa de olhar. É firme, mas sabe ser meiga. Tão sincera que chega a cometer sincericídio. Fala, fala, fala, fala... Meu Deus, como tu fala!
Não sei quem colocou essas ideias de que o amor eterno existe, que tudo pode ser superado, que vamos dar certo, mesmo o futuro sendo tão incerto. Não sei, mas concordo.
Cara, me preocupo tanto contigo, às vezes acho que você ainda é aquela menininha de franjinha na testa. É frágil, muito sensível. Sinto-me na obrigação de te defender de todo mal, e caso não consiga chegar a tempo, quero secar tuas lágrimas, aliviar tua dor, sarar as mágoas. Essa tua pressa em viver, tua urgência de querer tudo ao mesmo tempo agora, agarrar o mundo com as pernas... não sei quem te ensinou a ser assim, mas continue do teu jeito, essa é tua graça, teu charme.
Explosiva! Impulsiva! Doida! Uma verdadeira dinamite! Mas inocente. Como pode caber tanta pureza numa pessoa tão pequenininha?
22 anos, maninha. Estamos amadurecendo. Só quero que saiba que quando você estiver com uma lágrima de tristeza, parta-a ao meio, dê-me a metade e chorarei contigo. Quando eu tiver um sorriso de alegria, te dou inteiro só pra te ver feliz. E por fim: obrigada por todas palavras doces que já me dissestes, obrigada por todo puxão de orelha, obrigada pelos teus conselhos de irmã (mesmo não os seguindo, eu os escuto). Você é uma grande parte do que sou, a maior parte, com certeza.