domingo, 30 de outubro de 2011

Para Carol, com amor


     É realmente difícil falar sobre nossa amizade, porque não sabemos ao certo como começou. Quando nos perguntam "onde vocês se conheceram?" respondemos: "na barriga de nossas mães." Deve ter sido assim mesmo, né? Ou então em vidas passadas (é o único jeito que encontro pra explicar tanta sintonia.)
     Não lembro a primeira palavra que disse a você, acho que foi algo como "gugudadá", mas lembro a última que disse, que foi "amo". Raramente digo a alguém que amo. E a você eu amo, não tenho dúvidas quanto a isso.
     Você é minha pequena, minha pretinha, minha Calú, minha Calol, meu talismã, meu refúgio, minha irmã, minha melhor amiga. Sempre tão presente na minha vida, em todos os momentos pude contar contigo. Passamos por muitas coisas, passamos juntas! Das brincadeiras de criança, crises de adolescentes, e os medos da idade adulta. 
     É difícil acreditar, mas, cara, já somos adultas! Duas mulheres completamente diferentes, é verdade; mas unidas por um laço eterno. Convivência, fatos, saudades, presença, risos, choros.
     No nosso livro da amizade temos capítulos engraçados; como aquele nos tempos de jardim, eu risquei seu livro, você arrancou a página do meu, nós brigamos. Aquela guerra de siriguelas lá em casa. A tatuagem que fizemos com espinhos, na panturrilha, com a letra "A". Férias em Campo Maior, passávamos o dia sem fazer nada, mas era tão bom. Toda santa tarde eu ia a tua casa jogar videogame, pular elástico. Os porres que tomamos juntas. Nosso choro assistindo "De repente é o amor". Aquele show do Zeca Baleiro. Todos carnavais em Barras.
     Nostalgia me define agora.
     Não posso deixar de falar das barras que já seguramos. Chorei tanto no teu ombro, e vice versa. Choramos juntas a morte do nosso melhor amigo, o pior momento de todos, mas a certeza de que conhecemos o melhor ser humano que já habitou esse mundo, nos acalma um pouco a alma, morremos de saudades, mas conseguimos lembrar dele em todo sorriso que vemos, ou damos.
     Você é forte, mais forte do que imagina. É linda, de uma beleza única. Atrai os olhares de todos, você é boa de olhar. É firme, mas sabe ser meiga. Tão sincera que chega a cometer sincericídio. Fala, fala, fala, fala... Meu Deus, como tu fala!
     Não sei quem colocou essas ideias de que o amor eterno existe, que tudo pode ser superado, que vamos dar certo, mesmo o futuro sendo tão incerto. Não sei, mas concordo.
     Cara, me preocupo tanto contigo, às vezes acho que você ainda é aquela menininha de franjinha na testa. É frágil, muito sensível. Sinto-me na obrigação de te defender de todo mal, e caso não consiga chegar a tempo, quero secar tuas lágrimas, aliviar tua dor, sarar as mágoas. Essa tua pressa em viver, tua urgência de querer tudo ao mesmo tempo agora, agarrar o mundo com as pernas... não sei quem te ensinou a ser assim, mas continue do teu jeito, essa é tua graça, teu charme.
      Explosiva! Impulsiva! Doida! Uma verdadeira dinamite! Mas inocente. Como pode caber tanta pureza numa pessoa tão pequenininha?
     22 anos, maninha. Estamos amadurecendo. Só quero que saiba que quando você estiver com uma lágrima de tristeza,  parta-a ao meio, dê-me a metade e chorarei contigo. Quando eu tiver um sorriso de alegria, te dou inteiro só pra te ver feliz. E por fim: obrigada por todas palavras doces que já me dissestes, obrigada por todo puxão de orelha, obrigada pelos teus conselhos de irmã (mesmo não os seguindo, eu os escuto). Você é uma grande parte do que sou, a maior parte, com certeza.
     

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Amar(e)los

 
 Acho engraçado o nosso exagero
     Te odeio tanto. Não consigo viver sem ti
     Te amo desaforadamente. Mas sinto náuseas só de ouvir tua voz
     Prometo que nunca vou te deixar. Passo uma semana sem saber notícias tuas.
     O nosso infinito acaba logo ali. Daqui a dois mil anos
Desisto pra sempre, até desistir pra sempre de novo.
     Gosto tanto de azul. Sempre tive uma queda pelo amarelo
     Amarelos. Amar elos.
     

Egoísmo


      Um ato impulsionado por um sentimento tão forte que não consigo expressar com palavras, não sei se ficará de fácil entendimento, mas é como se a força de 200 leões me direcionasse a cometer aquele erro.
     Mesmo sabendo que estava preste a dar um passo em falso, entrando num caminho sem volta, fui lá e fiz. Com uma determinação enorme, não me reconhecia.
     Olhar pros lados e não achar saída, ver a esperança escapando pelos os dedos... era assim que me sentia, e ainda me sinto. Sem perspectiva de ter o futuro brilhante que meus pais sonharam pra mim. Talvez lançaram muitos planos sobre meus ombros, e eu, na minha fragilidade, não soube suportar o peso. Nem aquilo, que antes me dava contentamento, consegue me deixar um rastro de felicidade. Minha presença exala fadiga e minha postura amarga anda exausta.
     Depois caí em mim. Fui egoísta e covarde.
     Posso afirmar que conheci o fundo do poço, cheguei lá por vontade própria, andando com meus pés. Pra que isso ocorresse o desespero me tomou conta.
     Não sou boa filha, nem boa amiga. Detesto ter que sair de casa, não dou tanta atenção para as pessoas que mais amo. E mesmo fazendo tudo errado, torto e ao contrário, sei que a única coisa que quero é ser amada. Esse é meu jeitinho nada convencional de pedir amor.
      Quando não vi mais estrada, tentei fugir pelo atalho. Certo dia, uma amiga me disse para enfrentar o problema, e não fugir dele. Desculpe, minha querida, não posso mais. Às vezes sinto-me tão só que converso com a solidão. Odeio estar sozinha, mas não faço nada para mudar o quadro. Por achar que  não sou boa companhia, me isolo.
     Prometo que vou abrir meu leque de alternativas e tentar aproveitar as oportunidades. (Foque bem no "tentar") Não posso garantir nada, me desculpe por isso também.
     Mas é como dizia aquela música para curar dores de cotovelo: eu ainda sou bem moça pra tanta tristeza, deixemos de coisa, cuidemos da vida.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Papo de Chico



      O quê que anda acontecendo contigo, menina? Anda, me fala logo! Não aguento mais ver essa tua carinha de cachorro que caiu do caminhão de mudança.
      Agora é isso? Você jura que toda essa tristeza é por conta de preguiça da raça humana? Todas pessoas são iguais? Todos te maltratam? Ninguém liga pra você?  Fala sério, gata! Tu anda muito amarga ultimamente. Deixa eu te dizer umas coisinhas que podem mudar teu astral... hoje, quando eu ia indo pra faculdade, pensei assim: "Caralho, mano, assistir aula de novo? Chatice! Nem sei se esse é o curso que quero." Mas aí parei 1 minuto, virei o rosto, e do carro pude ver um cara mais ou menos da mesma idade que eu, da mesma altura, e até do mesmo porte físico (fortinho, se é que você me entende). Pois bem, esse cara também estava parado no sinal, mas não dentro de um carro, como eu, ele estava vendendo morangos. Aí eu vi a importância da aula chata pra caralho, dei um valor absurdo pras coisas que aquele professor pé no saco fala, e ainda lembrei dos conselhos impertinentes da minha mãe: "Estude, meu filho, seja alguém na vida." Achou brega? Brega? Ah... brega era a bermuda que aquele cara do sinal estava usando. Longe de ser a bermuda que você me obriga a combinar com a camisa e com os chinelos, mas acredito que ele nem ligou, porque dos males, esse era o menor.
       Gata, deixa essa birra de lado. Não é porque uma pessoa te fez alguma coisa ruim que todas as outras também vão fazer. Eu te entendo um pouco, vejo o seu lado, eu já estive nele. É realmente absurdo pensar que o mundo inteiro não presta. Não generalize, minha linda, somos 6 bilhões, e 1 só não tem força de nada.
      Vamos combinar assim... você expande os seus horizontes, limpa todo o histórico do coração e decora uma frase que vai deixar toda relação mais fácil e talvez mais agradável: "Você não é obrigado a me amar, eu não sou obrigada a amar você, e, mesmo que doa, irei me entregar inteiramente todas as vezes que senti que é o momento, pra me reconstruir quantas vezes for necessário depois de outra queda; assim você não poderá dizer que eu não fiz tudo pra dar certo." E aí, gata, conseguiu decorar tudo? Se não conseguiu, toma aqui um papelzinho com tudo escrito, leia direitinho antes de dormir, leve esse conselho como se fosse uma oração para a Santa Sinceridade do Ser, essa é padroeira de todos que sofrem nesse mundão de meu Deus. Sofrer não é privilégio seu, gatinha. Lembra que eu disse que somos 6 bilhões? Pois é, 6 bilhões de sofredores que sofrem todos os dias tentando chegar lá.
      Como assim você não sabe onde é o "lá"? Não sabe onde está tentando chegar? Ah... então qualquer lugar serve. Olha aí, cara! Você já deu um sorrisinho! Então eu cheguei lá.
      Onde era o meu "lá"? O seu sorriso, gata. Porque você sorrindo é bonita demais, já te disse que pode cair maior toró, mas sempre que vejo o seu sorriso acontece um verão instantâneo, não esquece disso também.
      Ok, ok... tá certo... eu também te amo, gatinha. Te amo muito.

Final feliz



     Uma sexta feira qualquer, um dia desses em que saio com minhas amigas, com intuito de dar boas risadas, ouvir boa música e jogar conversa fora. Exatamente nessa sexta feira, naquele mesmo barzinho de sempre, a mesma banda tocando as "minhas" músicas. Tudo igual, como deveria ser.
     Seria só mais uma sexta, igual às outras, se eu não tivesse visto aquele menino branquelo, tão comum, que poderia ter passado despercebido. Pois é... poderia... mas não passou.
     Eu notei como ele tinha um sorriso bonito, e parecia tímido, porque sempre que sorria ficava um pouquinho rosado. Notei que o senso de humor dele era parecido com o meu. Dois irônicos.
     Tão parecidos no jeito, nos gostos. Tão parecidos, que rolou fácil. Nunca havia sido assim. Não comigo.
     Mas com ele eu senti que poderia rolar sim, a sintonia era enorme. Bati o olho, e me identifiquei! Não sei se ele acreditou nas coisas que eu disse, quando garanti que com ele foi diferente. Não estou falando de amor, claro. É a tal da incompreensível atração humana, essas coisas que Freud tenta explicar e que não cabe a mim entender, só acatar a decisão do universo, e, naquela noite, o universo decidiu nos unir.
     Fico maquinando na minha cabeça o que o senhor universo quis com isso de nos juntar por uma noite. Percebo que posso conceber o fato de duas pessoas se darem tão bem ao ponto de não passar disso, pra não estragar o que foi tão bonito. Foi bonito pra mim, foi bonito pra você. Aconteceu. Fluiu.
     Vai ver, há pessoas no mundo que foram feitas para passar por nossas vidas, e mesmo que permaneçam pouco tempo, deixam suas marcas para sempre. Você é uma dessas pessoas marcantes, a minha queridinha cicatriz.
     Aquela sexta feira tão igual, aquele lugar tão conhecido, aquele menino branquelo tão comum... tudo único e essencial, formando um ciclo de coisas marcantes e especiais. Protagonizamos momentos inesquecíveis, foi intenso, não duvide. Você, na sua enorme leveza de alma, me plantou uma flor no coração. Não podia ser diferente, afinal, somos gêmeos, nos guardamos um no outro, e sabemos onde podemos nos machucar. Escolhemos a alternativa de vivermos felizes com a distância, e decidimos que nunca nos esqueceremos.
     Você não notou isso? É verdade! Acontece involuntariamente. É uma espécie de novela... nossa história ainda tem muito pano pra manga, o capítulo de hoje pode ser uma comédia, suspense, ou terror. Mas drama não! Drama não combina com a gente. Somos feito plumas, entramos e saímos da vida alheia com a maior serenidade possível. O nosso encontro, nossas conversas sem nexo, nossos posicionamentos infantis, qualquer detalhe de rotina, nos traz paz. Essa novela já tem o "felizes para sempre" escrito em letras garrafais.
     A gente deu muito certo, cara.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sua majestade, a solidão


    Sabe aqueles dias em que você tem um estalo na mente, e para pra pensar? É isso mesmo, pra muita gente eu não faço diferença. Minha presença pode ser muito bem substituída, outras companhias são mais agradáveis. Meus amigos não aguentam mais ouvir minhas reclamações, não suportam ter que carregar o peso da minha amargura.
      Eu os entendo. Entendo perfeitamente.
      Agora já sei o meu lugar, sei exatamente onde devo resguardar toda minha angústia. O lugar não é tão confortável, e é escuro até demais; pequenininho, me sinto um pouco sufocada... costumo chamá-lo de "solidão". Estou tão íntima, me sinto de casa, e já apelidei minha nova morada de "só-eu".
     É um lugar portátil, me sinto "na solidão" onde quer que eu esteja. Na solidão do meu quarto, na solidão dos meus livros, na solidão do meu blog.
     A solidão me permite ser quem eu sou verdadeiramente. Com ela não tenho vergonha ou cerimônia. Eu choro com a solidão, respiro solidão, e mesmo quando estou calada, consigo falar com a solidão; só ela me ouve. Minha querida "só-eu" já viu eu me assistir nas novelas, me enxergar nos filmes, me ler nos livros, me afundar na melancolia, etc... perfeita testemunha de tudo que me ocorre, não reclama, não dá palpite, apenas  observa-me procurar uma história pra viver.
      Não entendo gente que tem medo de solidão. Se encontrar, viver consigo, às vezes agrada. Eu, assim como você, não sou de todo mal. Dou pro gasto, e aprendi isso com a solidão. Meu autoconhecimento cresceu, meu amor próprio também. A solidão presenteou-me com a busca de mim.
      Se eu não sou boa companhia, dane-se! Tenho a mim, tenho a solidão. Ela pode não ser doce, mas é o que tem pra hoje.
      A solidão sempre vem acompanhada de uma vontade súbita de sumir. Quem nunca sentiu isso, não é mesmo? Sumir! Mandar tudo pro espaço! Ficar em casa assistindo TV, sem preocupação de andar maquiada, ou sempre sorridente, ou calçar um belo salto alto. Minha solidão não se importa com a aparência, ela só quer meu bem, me abraça forte.
      Conhecedora de mim, sei que falo, escrevo, penso nem sempre na mesma velocidade, nem sempre na mesma ordem. Pessoas, às vezes, não são capazes de captar minha mensagem, mas a "só-eu" entende, acena com a cabeça e sorri: "Pois é, menina. Você tem as linhas da mão tortas, você nunca será um exemplo do bom e do melhor."
     Cansei de me colocar no papel de figurante, cansei de ficar sendo espectadora da vida alheia, cansei de não conseguir me estabelecer em um local, cansei de ser tão meia boca.
      Cansei.
      É que já é tempo de repousar as palavras num canto e a cabeça no travesseiro.
      E que seja. Que seja.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Acabou chorare

      
      Não vejo mais graça em sofrer. Então, qualquer coisinha triste que tenhas a me dizer, diga sem rodeios. Pois o que me faz te odiar cada dia mais é o modo redondo com que você ver a vida, sempre em círculos. Mania feia essa de não ir direto ao ponto. 
      Vamos falar de coisa boa? Vamos falar de cogumelo do sol! Que dia bonito para eu ser uma top model, né? Meu rebolado pode dar inveja a qualquer Gisele. E porque não tentar ser cantora de sucesso? Sair por aí cantando nos karaokês da vida. Voltar a ser criança e passar a tarde inteira jogando videogame. Que delícia!
      Passei da fase ruim, e te juro que doeu muito cicatrizar todas feridas que tinham no meu pobre cotovelo. Você agora está triste? Relaxa... vai passar. E não digo isso como um escritor de auto-ajuda, digo como prova viva. Aprendi que enquanto você está triste, o motivo da sua tristeza encontra-se feliz. Ninguém vale 1ml de lágrima. Se você não está feliz com você mesmo, não consegue ver sentido nessa vida fajuta, mesmo assim, sorria! O sorriso pode até não ser de felicidade, mas só atrai coisa boa, já a vida, continua fajuta, essa não tem jeito.
      Um dia a gente perde, no outro a gente apanha, no outro a gente nem tenta... não é mesmo? Num dia a gente perde (a vergonha), no outro a gente apanha (na cama), no outro a gente nem tenta (fazer diferente). Modificando aos poucos temos resultados significativamente melhores. Por isso: aos poucos e devagar, mas sempre direto ao ponto e com objetivos!
      Esse negócio de super herói fica só pras historinhas infantis. O máximo de heroísmo que posso ter é ser a super filha, a mega amiga, etc. Minhas forças contra o mal do mundo são ínfimas, minhas forças para o meu bem são totais. Levando, levando, levando... vida leve.
      Feliz por nada, sabe? Por porra nenhuma! Acabou chorare, ficou tudo lindo.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Por não ser correspondida: da imaginação à reação


      Meus olhos desviam a atenção, mas o coração não tira o foco, e, junto com isso, meu cérebro se confunde. O que é que eu faço? Finjo que estava super entretida no papo do meu primo e, por isso, não vi ele entrando? Coloco o pé no caminho propositalmente, pra ele topar e me notar? Esbarro nele e armo aquele climinha de "acidente tão coincidente"?
      Ai, Jesus, tenha misericórdia! Acho que vou infartar! Meu coração mais parece a bateria da Portela, minhas mãos suando, geladas e trêmulas. Meus olhos fixos em meu primo que insiste em falar sobre como Teresina está quente, eu já super desinteressada no assunto, me resumo a balançar a cabeça, concordando com tudo. Começo a achar que, de tanto balançar a cabeça, meu cérebro saiu do lugar, eu não consigo pensar no que fazer. 
      Ele está se aproximando! Ou colei chiclete na cruz, ou bebi muito vinho na santa ceia, porque só isso  explica essa provação que passo agora. Pronto! Ele passou por mim! Tenho certeza, eu enchi a cara com os discípulos, e isso é castigo por eu ser uma má menina em todas as vidas. Pegou no meu ombro! Agora posso morrer... o sangue desce todo pros pés. Palideço. 
      Sei que ele vai falar... vamos... diga alguma coisa. 
      - E aí, mano?
("Mano"? Ele me chamou de "Mano"? Cadê uma ponte pra eu me jogar?)
      Responde, menina, não pode ser tão difícil responder uma idiotice dessas...
      - E aê? Beleza?
(Nossa, superação, hein? Juro que por essa não esperava.)

      Não tenho muita certeza, mas acho que consegui sorrir. Será que meu cabelo está bonito? Será que ele notou que estou com a mesma blusa de que quando nos vimos pela última vez? Depois de todo meu sofrimento, da saga anatômica pré-encontro, ele passou por mim como um piscar de olhos. 
      Nem consigo aproveitar a noite, fico paralisada olhando pra ele (de longe, óbvio). Que sorriso lindo! Como ele tem estilo! E essas botas? Ah! Só ficam bonitas nele. 
      Opa! Quem é essa vaca? Porque estão se abraçando? Beijo? Ah não! 
      Espero alguns dias... até porque ela pode ser mais uma dessas piriguetes que se jogam em cima dele. Não tiro a razão delas; ele é lindo, rico, estudioso, bom filho. Todo mundo tem direito de querer alguém assim, mas, por favor, queridas piriguetes... procurem outro! Esse não. Esse aí é meu! Sofro por ele todo dia.  Já imaginei até onde vamos morar depois do casamento, nosso sobrado amarelo, com dois lindos filhos, um golden retrive... praticamente um comercial de margarina.
      Ilusão... pouco tempo depois, ele muda o status de relacionamento nas redes sociais. Caiu o mundo... não sinto meus pés, meu coração tem uma batida a cada 5 horas, meus olhos não querem acreditar naquilo. Não... não pode ser. Tiraram ele de mim?
      Eis que acontece: Revolta! 
      Saio a noite, à procura de outra pessoa, não quero mais saber dele, hoje meu objetivo é diversão. Aliás... como é mesmo o nome daquela criatura tosca? Ridículo! Dança feito um bobão. Nunca consegui entender porque gostei tanto assim de um homem que se julga o melhor do mundo, mas é igual aos outros.
      Uso meu melhor vestido, e aquele batom vermelho que enlouquece qualquer um, entro na festa. Hoje vou arrasar! Descer até o chão! Darei meu showzinho.
      Dou alguns passos e... Eles dois? Não! Vida, porque és tão cruel comigo? Onde posso me esconder? Já nem noto os olhares dos outros homens. Outros homens? Acho que não vi nenhum, além dele. Ele e ela. Eu e meu coração, despedaçados mais uma vez. 
      Não tenho mais nada o que fazer aqui. Festa chata. 
      Volto pra casa, quero pensar em outra coisa, em outra pessoa... não consigo. Meu coração fica apertado com tanto sofrimento, meu cérebro se ocupa com as lembranças ruins da minha vida amorosa que parece uma piada, meus olhos se derretem em lágrimas. Não posso suportar... só queria saber: quando isso tudo vai passar?

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