quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Papo de Chico



      O quê que anda acontecendo contigo, menina? Anda, me fala logo! Não aguento mais ver essa tua carinha de cachorro que caiu do caminhão de mudança.
      Agora é isso? Você jura que toda essa tristeza é por conta de preguiça da raça humana? Todas pessoas são iguais? Todos te maltratam? Ninguém liga pra você?  Fala sério, gata! Tu anda muito amarga ultimamente. Deixa eu te dizer umas coisinhas que podem mudar teu astral... hoje, quando eu ia indo pra faculdade, pensei assim: "Caralho, mano, assistir aula de novo? Chatice! Nem sei se esse é o curso que quero." Mas aí parei 1 minuto, virei o rosto, e do carro pude ver um cara mais ou menos da mesma idade que eu, da mesma altura, e até do mesmo porte físico (fortinho, se é que você me entende). Pois bem, esse cara também estava parado no sinal, mas não dentro de um carro, como eu, ele estava vendendo morangos. Aí eu vi a importância da aula chata pra caralho, dei um valor absurdo pras coisas que aquele professor pé no saco fala, e ainda lembrei dos conselhos impertinentes da minha mãe: "Estude, meu filho, seja alguém na vida." Achou brega? Brega? Ah... brega era a bermuda que aquele cara do sinal estava usando. Longe de ser a bermuda que você me obriga a combinar com a camisa e com os chinelos, mas acredito que ele nem ligou, porque dos males, esse era o menor.
       Gata, deixa essa birra de lado. Não é porque uma pessoa te fez alguma coisa ruim que todas as outras também vão fazer. Eu te entendo um pouco, vejo o seu lado, eu já estive nele. É realmente absurdo pensar que o mundo inteiro não presta. Não generalize, minha linda, somos 6 bilhões, e 1 só não tem força de nada.
      Vamos combinar assim... você expande os seus horizontes, limpa todo o histórico do coração e decora uma frase que vai deixar toda relação mais fácil e talvez mais agradável: "Você não é obrigado a me amar, eu não sou obrigada a amar você, e, mesmo que doa, irei me entregar inteiramente todas as vezes que senti que é o momento, pra me reconstruir quantas vezes for necessário depois de outra queda; assim você não poderá dizer que eu não fiz tudo pra dar certo." E aí, gata, conseguiu decorar tudo? Se não conseguiu, toma aqui um papelzinho com tudo escrito, leia direitinho antes de dormir, leve esse conselho como se fosse uma oração para a Santa Sinceridade do Ser, essa é padroeira de todos que sofrem nesse mundão de meu Deus. Sofrer não é privilégio seu, gatinha. Lembra que eu disse que somos 6 bilhões? Pois é, 6 bilhões de sofredores que sofrem todos os dias tentando chegar lá.
      Como assim você não sabe onde é o "lá"? Não sabe onde está tentando chegar? Ah... então qualquer lugar serve. Olha aí, cara! Você já deu um sorrisinho! Então eu cheguei lá.
      Onde era o meu "lá"? O seu sorriso, gata. Porque você sorrindo é bonita demais, já te disse que pode cair maior toró, mas sempre que vejo o seu sorriso acontece um verão instantâneo, não esquece disso também.
      Ok, ok... tá certo... eu também te amo, gatinha. Te amo muito.

2 comentários:

  1. Esse lance do papel era algo típico dentre os gestos incomuns que mostravam o amigo descomunal que ele é. É, as chicadas fazem uma falta brutal.

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  2. "Olha aí, cara! Você já deu um sorrisinho! Então eu cheguei lá." Vejo ele falando isso aqui na minha frente. Que saudade sem tamanho.

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