domingo, 27 de novembro de 2011

Para você entender


      Entenda uma coisa, eu sei viver sem você, em alguns momentos eu até preferiria viver sem você. Porque existem milhões de homens solteiros, outros milhares bonitos e outra parcela que também tem um sorriso hipnotizador. Não é difícil encontrar um homem que seja fã de Red Hot Chili Peppers, que se vista bem e que saiba várias piadas decoradas. Eu sei que em qualquer esquina posso encontrar um homem que me mande mensagens em plena madrugada, que converse comigo sobre futebol e cortes de cabelo. Fácil arranjar um cara que seja família, não fume e tenha bons amigos. Posso arrumar alguém para me chamar de linda até naqueles dias em que meu cabelo está péssimo, alguém que me leve para assistir filmes do Tarantino, alguém que discuta poesias e poetas, etc. Você é comum, monótono, um carinha qualquer, um "todo-mundo". Nós dois somos uma equação simples de resolver, de dissolver. Acontece que nos acostumamos ao mau amor e acabamos por seguir um roteiro tão batido, aquela nossa rotina sagrada. Somos como um episódio de Chaves, sabemos o que vai acontecer, e mesmo assim ainda é engraçado. Eu posso viver sem ti, o problema é que eu não quero.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

TPM: Total Paranoia Mental





      Um dia que não precisaria existir. Daqueles que você acorda com uma espinha na bochecha, um mau humor gritante e com o cabelo ruim. Me sinto a última das mulheres. Estou me achando feia e sinto que nenhum homem olha pra mim, nem cantada de pedreiro ando recebendo ultimamente. Estou triste e mal amada, essa é a verdade.
      Me assisto nas novelas do vale a pena ver de novo, me escuto nas músicas bregas do rádio - no programa momentos de amor - e leio, releio e treleio a agenda do celular, tentando achar uma possível vítima, mas a única vítima da minha depressão é o chocolate. Desejo chocolate com tanto fervor, quero chocolate pra suprir minhas necessidades. Só chocolate, chocolate, chocolate.
      Desato um choro sem explicação, mas a vontade de chorar é tão grande, que eu me descontrolo! Me jogo na cama fazendo um drama digno de novela mexicana. Depois me olho no espelho... ai como sou ridícula! Ninguém me quer, ninguém me ama.
      Até o porteiro do meu prédio decidiu trocar minha correspondência. Será que ele não lembra meu nome? Será que sou tão sem graça? Transparente? Imperceptível? Ou será que ninguém no mundo lembra de mim a ponto de não me enviarem nem contas? Mundo cruel! Vida tirana! Vou saber o que anda acontecendo. O porteiro simplesmente diz: "desculpe, senhora.", como assim apenas "desculpe, senhora."? Vai te catar, infeliz incompetente! Se errar essas correspondências de novo eu juro que faço picadinho de porteiro! E saiam da frente que eu não estou boa!
      A sensação que tenho é que precisaria passar uns 5 dias trancada em casa, fugindo das pessoas, me isolando do mundo. A qualquer momento vou explodir, e acabo explodindo! Gritando, chorando ou comendo. Quem é mulher vai me entender, quem é homem terá que me perdoar. Não posso fazer nada, durante o período que antecede a menstruação me transformo na abominável mulher vulcão, expurgando hormônios por todo canto. Deus colocou na mulher útero, ovários, óvulos e menstruação, com a linda missão de engravidar. O diabo inventou a TPM e a cólica.
      Como diria aquela velha frase: a diferença entre uma mulher na TPM e um sequestrador, é que com o sequestrador ainda existe possibilidade de negociação. Se quiser um conselho meu, durante esses dias, mantenha a distância, já matei por menos.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Chico Buarque de Hollanda, todo o sentimento

"Eu sou sua menina, viu?"


      É uma atração desmedida, uma coisa gostosa, daquelas que me dá calafrio só de lembrar o timbre da voz prejudicado pelo cigarro. O meu amor tem um jeito manso que é só seu, e rouba meus sentidos, viola meus ouvidos com tantos segredos lindos e indecentes. Embala meus delírios, meus passos, minha infância, meu nome. Te encontro numa noitada boa, no cinema, no botequim, me bota pra dormir, me acorda em meio a ciranda da bailarina.
      Sabe mais que eu sobre minha vida, e sai por aí contando as picuinhas diárias, espalhou a história que sou dessas mulheres que só dizem sim. Seria impossível não te amar, ser fã número 1, admirar tuas palavras, teus trejeitos, teus olhos - que me destes para tomar de conta - por você rompo com o mundo, queimo meus navios. 
      Feito boba apaixonada sigo tuas rimas, tuas setas, tuas leis - e pela tua lei, a gente era obrigado a ser feliz - você é quem manda, falou tá falado, não tem discussão. Acato tuas ordens, respeito tuas vontades, até quando me diz: "Sim, me leva para sempre, Beatriz. Me ensina a não andar com os pés no chão." 
      Sinto falta quando passo um dia sem delirar contigo, por ti. Não vou te abandonar, prometo, pois sem você não passo bem. Meu caro amigo, me perdoe, por favor, se eu não lhe faço uma visita, mas você sabe que é muita mutreta pra levar essa situação, e a gente vai levando de teimoso, de pirraça. Ainda bem que roda mundo, roda gigante, e vou contra a corrente até não poder resistir.
     Leio notícias tuas em todos jornais, vejo tua foto em capas de revistas, e assumo que fico pê da vida quando outra apaixonada disputa páreo de amor teu. Eu sei que esse lance de ciúme não é certo, sua vida é pública e você não pode ser só meu, não fique chateado, largo essa possessividade, e quando você me quiser rever, já vai me encontrar refeita, pode crer. E quando talvez precisar de mim, cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim. Desculpe, mas você sabe como é... quem brincava de princesa, acostumou na fantasia.
      Posso estar exagerando - provavelmente esteja mesmo - mas, Chico, eu boto a mão no fogo então com meu coração de fiador. Não é mentira. Pro resto do mundo eu tenho apenas uma pedra no meu peito, mas pra você não, tenho um tipo de amor que é de mendigar cafuné, que é pobre, e às vezes nem é honesto. Mas é amor, acredite.Eu sou sua alma gêmea, sou sua fêmea, seu par, sua irmã, eu sou incesto, sou igual a você, eu nasci pra você, eu não presto.

domingo, 20 de novembro de 2011

Tipo isso


- Eu odeio gente burra, sabe? Odeio música ruim, filmes idiotas. Odeio mentiras, hipocrisia, grosseria gratuita. Também odeio gente que se acha engraçada.
- Do que você gosta?
- Animais.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Relatos do amor próprio


      Se tem uma coisa pra eu gostar nessa vida, é modernidade. Adoro a mudança dos tempos. Porque me encaixo fácil, me sinto mais aceita, sou aquariana, vivo querendo futuro.
      Escuto meus pais dizerem que hoje tem mais gays que antes. Claro que não concordo, hoje tem mais aceitação, cabeça aberta. Que bom! Imagino como sofreram as bees de décadas atrás, tendo que se esconder no armário para não sofrerem represálias. E uma coisa que odeio: gente que não se assume. Gosta de mulher? Ok. Gosta de homem? Ok. Gosta de homem e de mulher? Ok também. Isso não vai mudar em nada minha vida, como diria o poeta "cada um no seu quadrado."
      Gosto de gente que se joga mesmo, que se dói inteira porque não consegue viver na superfície das coisas. Sou de verdade, dessas que não andam 24 horas arrumadas, maquiadas, etc... quem gosta de mulher montada é cavalo. Camiseta, short, chinelo e coque no cabelo resolve. Tô nesse mundo a passeio, vim só pra dar o ar da graça. Então, por favor, nada de chicletinho! Sabe aquelas pessoas que ficamos na balada e se sentem no direito de baixar até nossa ficha criminal? Não rola, bebê. Se eu te dei meu número é porque eu quero que você ligue, te achei interessante e acho que pode rolar algo mais. Se não te dei tanta abertura é porque não quero um flashback. Deixo claro que há diferenças entre ser chicletinho e ter atitude. Homem com atitude é o diferencial, e como o próprio nome diz, está em falta no mercado. Ele pode até não ser tão bonito, não andar num carrão, ou se vestir como você gostaria, mas se souber te domar e deixar sem jeito, agarre. Quilo de homem tá caro.
      Apesar de eu escrever sobre romances e dor de cotovelo, isso não é algo que faça parte da minha realidade. Sendo bem sincera, não sou de me envolver, nem dar o braço a torcer. Dura na queda! Mas fazer o quê? Sou assim. E gosto de ser assim. 
      Amo minha independência, e não troco reunião no bar com as amigas por filminho em casa com o man. Tenho opinião pra tudo, gostos diferentes de quase todo mundo, e um senso de humor que por vezes você não entenderá, digo palavrão, assisto futebol, bebo cerveja e me sinto livre para ir ao baile procurar o meu negão. Nasci com a prerrogativa de ter um pouquinho a mais de diversão. Sem inibições, não é a toa que pinto minhas unhas compridas de vermelho, quero que fique claro, se você for coração de manteiga, mantenha a distância, dou choque em gente tola. - e quando digo gente tola estão incluídos os fresquinhos, preconceituosos e chicletinhos. 
      E vê se dá licença, que eu tô passando, se quiser vir, talvez te carrego comigo. Não é todo homem que tem capacidade de ter uma mulher do meu calibre. Sorry, baby.

      

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Tic tac


      Perdi a hora, acordei tarde, nem vai dar tempo tomar café em casa. Vou pro banho, escovo os dentes, solto os cabelos. Saio apressada, me esbarro na mesa, derrubo os livros. Tomo meu café na faculdade, coca cola com pastel. Corro para sala de aula, esqueço o texto que o professor pediu. A aula tá chata, fico serrando as unhas e procurando ponta dupla pra passar o tempo. Acaba a aula, tenho que voltar pra casa, mas acho que posso tomar uma cervejinha. Eis que chegam os amigos, vai mais algumas cervejinhas, e agora batata frita pra enganar a fome, algumas calabresas e... Droga! Já é tarde, tenho que ir a consulta que marquei, ainda tenho ioga hoje, sem esquecer de ir visitar minha tia, passar na padaria pra comprar manteiga, comprar absorvente na farmácia, sair pra jantar com os amigos, arrumar o cabelo pra aula de amanhã... e pronto, já é madrugada. Adivinha quem vai se atrasar pra aula amanhã cedo?
      Sou toda errada. Essa mania de deixar tudo pra depois, procrastinar uma vida inteira. Minha arte, minha aventura do dia-a-dia. Como se estivesse vivendo com uma bomba relógio dentro do bolso, prestes a explodir. Mas, assim como macarrão instantâneo, quando a coisa ferve, fico pronta em 3 minutos.
      Não vivo, me viro.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

DDD diga mais


      Oi? Tudo bem? Quanto tempo, né? Te liguei quase que por engano, apesar de você não acreditar em enganos, foi bem assim, feito um impulso. Estava aqui lendo a agenda do meu celular, passei sem querer por seu nome, aí li... aí vi teu número... aí apertei no botão "send"... aí... isso não importa, não é mesmo? Estou certa de que você está ocupado, trabalhando, ou estudando, ou colocando gasolina no carro, ou na casa da sua namorada, ou... Ah, desculpa! As coisas não mudaram muito comigo, continuo atrapalhada, como pode notar.
      Você está feliz? Que bom! Eu, mas que qualquer outra pessoa, torço pela sua felicidade. Não sei se posso te garantir que estou feliz, mas acho que não devo reclamar de nada, minha vida tem caminhado, apesar dos passos lentos. Enfim... fala mais de você, como anda o curso? E sua mãe? Ainda pergunta por mim!? Oh, que maravilha! Também sinto saudade dela e daquele suco de goiaba que só ela sabe fazer. Diga que mandei recordações, ok?
      Ia esquecendo de te falar... fiz uma faxina aqui em casa, mexi nas velhas pastas e caixas guardadas na estante. Achei aqueles bilhetinhos, poemas e embalagens de chocolates que ganhei de você. O que eu senti? Ah... não sei se saudade, ou leve nostalgia, ou lembrança de como te deixei triste com o fim, ou... Não sei, cara. Achei também aquela tua camisa do Guns N'Roses, aquela surradinha que eu adorava vestir pra dormir. Então... lavei, passei e vou te mandar de volta, beleza?! Se eu esqueci alguma coisa contigo? Depois de tanto tempo? Nem lembro. Ah... acho que não. Ok, então. Passar bem. Beijos. Tchau


- E mais uma vez esqueci de te pedir de volta meu coração e minha auto estima.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

The End


      E eu achando que gostava de sofrer, nem imaginava esse teu lado masoquista. Se eu soubesse que seria tão fácil te controlar, teria posto em prática, muito antes, meu plano infalível. Bem que me avisaram que ia ser assim.
      Não te quis, fiz aquela cara de "prefiro evitar a fadiga", pensei que isso nunca fosse acontecer, mas a matemática é simples e aplicada: quando passamos muito tempo tomando o mesmo sabor de sorvete, comendo no mesmo restaurante e batendo na mesma tecla, abusa.
      Você chegou, com aquela desculpa, cheio de malícia, jogando charme... enquanto eu fingia que não notava nada, não sabia das tuas verdadeiras intenções... até que você tenta dar o bote.
  - Não. Para com isso, não pode.
  - Não pode?
  - Eu não quero.

      Pronto. Prático, simples e indolor, pelo menos para mim. Você fez uma cara de assustado, perdeu o ar, parecia que estavam te roubando o brinquedinho preferido. Tentou disfarçar, disse que "tudo bem", eu não quero, você entende. E, de verdade, eu não estava afim, não senti aquela coisa na barriga antes de te ver, não me arrepiei com teu abraço, tudo morno.
      Continuei levando do jeito que queria, cortando teu barato.
      Depois de uma noite de interrupções, pude ouvir um claro "Eu te amo." Muito estranho ouvir isso. Já ouvi de ti outras vezes essa frase, mas sempre foi tão exaltada, ou era em uma briga, ou via sms (que não conta). Foi um "Eu te amo" de verdade. Nem tive coragem de responder, porque, sinceramente, não quero ter que mentir pra ti. Não te amo. Não mais.

sábado, 12 de novembro de 2011

Doida? Eu?


      Pode parecer que estou psicografando esse texto, e de fato não sei bem se sou eu que estou aqui digitando essas doidices, ou pelo menos não sei qual parte de mim está se expondo dessa vez, mas saibam... tenho meu lado psicopata. E quando digo "lado", leia-se: uma parte, uma banda, ou talvez metade.
      Antes que você feche essa página e ligue pra delegacia, irei me explicar - ou tentarei - estou me atrapalhando de novo, vejam só. Enfim, acho que isso não é tão aterrorizante quanto possa parecer, todo mundo é meio psicopata, concorda? Ou você não vai querer me convencer que nunca pensou em matar alguém? Que nunca desejou que aquela piriguete de quinta tropeçasse do salto e caísse de cara no chão? Que nunca quis que aquele imbecil se engasgasse com cerveja e pagasse mico? Pois então?! Sua psicótica! Bate aqui! Yeees! Você não está sozinha nessa.
      Aposto como agora você está sorrindo aliviada, e caso não esteja aliviada, deve estar aterrorizada com tudo que acabou de ler e pensando mesmo em me denunciar pra polícia. Ó, céus! Estou em apuros.
      Se você não é tão pura e inocente como acreditam seus avós, bem vinda ao clube.
      Ando me pegando com pensamentos macabros. A raiva que eu sinto de algumas pessoas é tão grande que às vezes praguejo um "Quero que fulaninho(a) se exploda!" - acreditem - explodir é o melhor que posso desejar num momento de raiva. Isso é meu lado mais humano, somos psicopatas mais humanas, o que nos fazem ser diferente de uma real psico é o fato de não termos bastante sangue frio para cometer um crime e conseguir descansar a cabeça num travesseiro logo após, como se fosse o sono dos justos. Caso você faz tudo sem dor na consciência, sem vestígios de sentimentos... bom... seu caso é preocupante e eu mesma irei tomar minhas precauções de me manter longe de você. Caso contrário, xingar a ex do seu namorado não é despeito, é ser realista; desejar que a bunda da atual namorada do ex caia e fique cheia de celulite não é nada demais, apenas vingancinha; e ainda querer que o ex namorado leve um chute no saco durante as peladas com os amigos é apenas justiça.
      Afinal, que tipo de mulher fica de boa quando o ex namorado arranja outra? Pode até fingir que tá tudo bem, você não poderia fazer ele um homem tão feliz, então apenas espera que corra tudo bem com o novo relacionamento do rapaz, etc. Isso tem nome, chama-se hipocrisia! Você quer mais que se dane ele e a namorada gorda dele. Isso é normal, gata.
      Até porque mulher que não briga, não tem ciúme, sorri sempre, e só pensa em dar prazer pro homem até existe, mas é inflável.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Atenciosamente, o Coração


      Não quero atravancar a vida de ninguém, pode ir embora quando quiser. As minhas portas e janelas sempre estarão abertas para entrada de pessoas do bem. - Eu disse entrada - se você sair, nem que seja por um minuto, fique do lado de fora. Você pode ser do bem, do bom, do massa... mas não volte. Não quero parecer indelicado, mas na porta tem colado um aviso: "Se você for, fique por lá."
      Você entrou pela porta principal, foi bem recebido, te convidei para um chá, sentou na minha poltrona, colocou os pés em cima da mesinha de centro. Sem problema, a casa é sua, sinta-se a vontade. Tenho certeza que sou bom anfitrião, trato bem meus inquilinos, faço faxina geral, tudo um brinco, esperando pra ser desfrutado. Só não aceito hóspedes para veraneios. Nem perca seu tempo, arrume outro lugar pra passar as férias, aqui é eternamente período letivo, horário comercial. E como serei sua morada, não me machuque. Não deixe minhas paredes cair o reboco, não faça buracos em mim; isso será motivo para ser expulso.
      Suas razões podem ser muito boas, mas não irei ouvi-las. Sabe como é... antes de você, tive outros inquilinos, e estes, por não se portarem bem, tiveram que se retirar daqui. Então faça por onde, ok? Não me desagrade, lembre-se sempre: você está morando aqui, mas não é o dono do lugar.
      O que você pode chamar de exigência, ditadura, ou normas sem fundamentos; eu chamo de amor próprio. A verdade é que passei por poucas e boas, e isso me fez endurecer. Caso você se atrever a me desafiar, não conto história! Vaza, se manda, cai fora! Não quero qualquer um, quero um. Seguindo minhas regras, agindo conforme o combinado, tenho certeza que seremos grandes amigos.
      Ah... e não se esqueça: mi casa, su casa.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Nem tudo que parece, é


      Olha, rapaz, eu tenho que desabafar contigo, e já te adianto que o assunto é delicado e talvez constrangedor. Aqui do seu lado, fico te olhando bem de perto, posso até sentir a tua respiração e o cheiro do teu perfume francês. Você é charmoso, mas muito malvado. Sabe, eu tentei segurar, ficar calada, mas não dá mais. Você tem me machucado muito, eu agora estou chorando por sua causa... tenha piedade, moço! Vamos resolver logo essa questão, certo? Anda, me dê uma resposta logo, não suporto mais ficar assim. Juro que serei eternamente grata a você, a gente pode até tentar alguma aproximação... mas, moço, por favor, você tem que acabar logo com isso. Não sei se notou, mas você pisando no meu pé! Obrigada.

domingo, 6 de novembro de 2011

Decadência Musical


      Fiquei chocada com uma declaração que ouvi por esses dias; uma prima, de aproximadamente 13 anos, dizendo que dava sua vida pelo Pe Lanza (não sei se é assim que se escreve), o vocalista do tal Restart. O fato de eu ter ficado horrorizada se dar por eu achar o som da banda pobre, por achar que a tendência que eles lançaram com aquelas calças megacoloridas  e apertadas, triste; por achar o cantor bem afeminado, etc.
      Não me passa pela cabeça como ela consegue ser fã de Restart, sonhar com Justin Bieber, gritar pelo Fiuk, enquanto existe Rodrigo Amarante, Diogo Nogueira e John Mayer por aí.
      Não estou me achando superior, nem humilhando ninguém, estou apenas repartindo meu assombro diante de algo que passa longe da minha compreensão. Fico mais espantada ainda quando comparo a geração da galera de 13 anos de agora com a geração da minha galera de 13 anos. Faz pouco tempo que saí dessa fase, mas noto uma diferença gritante. 8 anos atrás não tinha esse fanatismo por nenhum artista, nem existia uma tendência tão forte como essa que o Justin Bieber lançou com seu cabelinho "mamãe-não-saí-do-armário". No máximo alguns gostavam muito da Avril Lavigne, mas ninguém saiu por aí querendo se matar por ela.
      Meu gosto musical foi bem influenciado pelo meu pai, escuto The Beatles, Scorpions e Queen graças a ele. (Valeu, pai!) Com o advento da tecnologia, e os pais se ocupando cada vez menos dos filhos, eles acabam sem referência musical - pelo menos é nisso que eu quero acreditar. Mas não há culpados, pois não há crime.
      As pessoas tendem a passar por muitas fases na vida, todo mundo se envergonha de alguma coisa do passado e, creio eu, daqui a alguns anos, minha prima vai parar pra pensar que ninguém vale mais que a sua própria vida, muito menos um cantorzinho de uma bandinha pop. Falo isso porque ela encheu os olhos de lágrimas e jurou que se  fosse pra decidir entre sua vida e a do Pe Lanza (que nome engraçado, meu Deus) ela escolheria a do Pe Lanza (quem inventou esse apelido, gente?), pois prefere morrer do que não ter mais Restart no mundo. Já fico preocupada com meus filhos que ainda não nasceram, e me sinto velha, pois não conheço metade das bandas que fazem sucesso hoje em dia. Sou uma jovem com gosto musical de idosa.
      Fiz um acordo com essa prima aspirante a suicida, eu mostro a ela algumas das músicas mais legais que conheço e alguns dos homens mais bonitos da música - na minha opinião - e, caso ela goste, terá de repensar sua alternativa de morrer pelo Pe Lanza (vou sorrir sempre que digitar esse nome). Ela concordou, e eu espero que tenha feito um bom trabalho.
      Saudade da época em que "Restart" só servia pra reiniciar o Super Mario Bros.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Arquivo Confidencial


      Hoje tive uma conversa com minha babá da infância, aquela que me criou, porque meus pais andavam sempre tão ocupados, não tinham tempo pra detalhes da nossa convivência.
      Ela me falava de como fui uma criança estranha, diferente das outras. Não gostava de brincar, porque podia suar, e não gostava de suar, apesar de adorar tomar banho. Mas, gente, que criança gosta de tomar banho? Bem, eu gostava. Gostava também de ouvir conversa de adulto, e cruzava as pernas para parecer fazer parte daquele grupo. Achava deplorável o fato de meus primos correrem, se jogarem no chão, se lambuzar na lama. Será que eles não enxergavam que aquilo poderia acabar com a roupa deles? Deus me livre! Mantinha-me impecável, esperando meus pais chegarem. Queria que meu pai me olhasse e dissesse: "Coisa linda! Uma princesa!" e que minha mãe confirmasse a presença na reunião do colégio. Sei que isso pouco aconteceu, porque quando eles chegavam eu estava dormindo, e quando eu acordava eles já haviam saído. Foram tantos desencontros desse tipo que decidi sair de casa cedo, aos 12 anos já tinha um apartamento meu, numa cidade diferente, convivendo com pessoas diferentes. Minha babá lembra o quanto sofreu com a separação, pois ela sente (e é mesmo) como minha mãe.
      Enfrentei barras pesadas, sentia falta de carinho e atenção, achava minha criação um pouco deficiente, que não conseguiria crescer enquanto não tivesse o que me foi negado na infância. Não. Nada me foi negado, ao contrário, tudo me foi disponibilizado. Reconheço o esforço dos meus pais, sei que batalham até hoje para eu ser uma grande mulher; assim como minha mãe.
      Aliás, minha mãe é meu exemplo. Quem dera um dia eu ser a metade do que ela é. Dá um duro danado, trabalha noite e dia, esposa dedicada, solidária com o próximo, todas qualidades possíveis de um ser humano, ela tem. Encho o peito de orgulho pra falar que sou sua filha, e queria ver um dia ela ter o mesmo orgulho em dizer que é minha mãe.
      Meu pai não... meu pai é um eterno garotão, tem uma vivacidade de dar inveja nesses meninos de 20 e poucos anos. Olho pra ele e me vejo, nos parecemos tanto que costumo dizer a ele: "eu sou sua cara, você é meu coroa."  Carinhoso como só ele sabe ser. Me abraça, me beija, quase me deixa sem respirar, literalmente me entope de amor! Tem uma filosofia de vida que é só dele: não adianta se estressar, nem se apegar a nada material, a vida vale mais que tudo. Vamos semear a simplicidade, vamos semear o bem. Enfim... meu pai é paz e amor.
      Garanto aos meus pais que tudo que sou, devo a eles. Posso não ser muita coisa agora, mas ainda serei. Quero poder proporcionar o prazer de uma boa velhice, o tal do descanso merecido.
      À minha babá agradeço todo amor, carinho, esforço, paciência e puxões de orelha que me foram dados. Agradeço também o fato de ser madrinha de seu único filho, isso pra mim vale mais que mil palavras, é uma prova de confiança. Muito obrigada.
      Olho pra trás e vejo o quanto cresci, mudei. Apesar das minhas crises, do meu porte frágil, da minha sensibilidade física; tenho uma personalidade forte, um gênio impossível. Como dizia minha vó (que Deus a tenha em um bom lugar) "Essa menina, desse tamanho, já tem cabelo na venta! Valente mais que onça!" Sou mesmo valente e às vezes posso parecer um tanto bruta e desbocada, o que tiver pra falar, eu falo na lata. Não espere de mim um comportamento médio, não sou uma pessoa média, não gosto de gente média. Não sou médio bonita, nem médio inteligente, nem médio magra ou gorda. 8 ou 80, ou é, ou não é. Nada aos pedaços, por favor. Ou muito ou pouco, ou tudo ou nada. É o que tem pra hoje. Se não gostou? Devolva, a casa recebe; ao contrário, você vai ter que me engolir. 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A melhor coisa que nunca me aconteceu


      Todas as sessões de cinema em que assistíamos aqueles romances americanos, as pipocas engorduradas com manteiga e sal, o primoroso encontro das mãos sobre as poltronas e os olhares tímidos e apaixonados. Tudo mágico.
      Como eram boas as noites que não tínhamos nada o que fazer a não ser nos ocupar da felicidade do outro. Passar a mão na tua barba mal feita, você brincar com meus dedos finos, e sorrir da minha aversão à castanha de caju.
      Acordar com as mensagens de bom dia, adormecer com o celular na mão, esperando a mensagem de boa noite. Nos necessitávamos, vivíamos de nós.
      Eu sabia detalhadamente os teus gostos, e me aplicava em satisfazê-los. Música no volume certo, perfume onde você gosta de cheirar, cabelos sempre soltos. Tudo pra sentir o teu sorriso de contentamento.
     Conseguia ouvir o motor do teu carro a quarteirões de distância de minha casa, e já cuidava de preparar o coração, que mal se aguentava de ansiedade nos tum-tum-tuns pulsantes. Eu sabia que vinha ao meu encontro com as mãos feitas em brasa para me agarrar, uma força animal me empurrando contra o próprio corpo, enquanto o meu desfalecia do prazer desse encontro esperado.
   
       -  É verdade, moço. Meu sonho foi como eu descrevi acima. Num mundo que eu criei, com paredes reforçadas na imaginação, você foi, de longe, a melhor coisa que nunca me aconteceu.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...