quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Atenciosamente, o Coração


      Não quero atravancar a vida de ninguém, pode ir embora quando quiser. As minhas portas e janelas sempre estarão abertas para entrada de pessoas do bem. - Eu disse entrada - se você sair, nem que seja por um minuto, fique do lado de fora. Você pode ser do bem, do bom, do massa... mas não volte. Não quero parecer indelicado, mas na porta tem colado um aviso: "Se você for, fique por lá."
      Você entrou pela porta principal, foi bem recebido, te convidei para um chá, sentou na minha poltrona, colocou os pés em cima da mesinha de centro. Sem problema, a casa é sua, sinta-se a vontade. Tenho certeza que sou bom anfitrião, trato bem meus inquilinos, faço faxina geral, tudo um brinco, esperando pra ser desfrutado. Só não aceito hóspedes para veraneios. Nem perca seu tempo, arrume outro lugar pra passar as férias, aqui é eternamente período letivo, horário comercial. E como serei sua morada, não me machuque. Não deixe minhas paredes cair o reboco, não faça buracos em mim; isso será motivo para ser expulso.
      Suas razões podem ser muito boas, mas não irei ouvi-las. Sabe como é... antes de você, tive outros inquilinos, e estes, por não se portarem bem, tiveram que se retirar daqui. Então faça por onde, ok? Não me desagrade, lembre-se sempre: você está morando aqui, mas não é o dono do lugar.
      O que você pode chamar de exigência, ditadura, ou normas sem fundamentos; eu chamo de amor próprio. A verdade é que passei por poucas e boas, e isso me fez endurecer. Caso você se atrever a me desafiar, não conto história! Vaza, se manda, cai fora! Não quero qualquer um, quero um. Seguindo minhas regras, agindo conforme o combinado, tenho certeza que seremos grandes amigos.
      Ah... e não se esqueça: mi casa, su casa.

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