sábado, 3 de dezembro de 2011

Almodóvar me fez esquecer


      Tanta coisa que preciso fazer, falar. Deixo tudo sempre pra depois, não sei o porquê, é algo incontrolável. Deve ser a porção de elemento X que caiu no caldeirão quando eu estava sendo feita por Deus, ou alguém que faça pessoas, não sei. Já é hora de eu te falar da necessidade da tua presença, e da saudade que fica quando você vai.
      Hoje eu te liguei, pedi pra você vir me encontrar, estava com tudo na ponta da língua, decorei o texto na frente do espelho, sairia algo como: "ou você me quer, ou você me deixa." Perfeito.
      Enquanto você fechava a porta, eu repetia para mim mesma o que queria dizer, começou "ou você me quer, ou você me deixa", entrou em casa, eu repeti a frase, agora de olhos fechados "ou você me quer, ou você me deixa." Certo, mais dois passos à minha direção, começo a gaguejar e as mãos a tremer, a frase não sai como antes, agora virou um "ou vo-cê me... quer, ou vo-o-o-cê... me de-eixa."
      Chegou até a mim, me deu um abraço e um beijo na testa, comentou que minhas mãos estavam geladas, e perguntou se eu vi o novo filme do Almodóvar.

      - Olha, eu vi sim! Adorei muito! Maravilhoso, como todos os outros. O título então é fantástico "A pele que habito", tem coisa mais genial?
      - Fala sobre um tema tão incomum... Almodóvar é o cara.
      - Verdade... teve momentos em que eu perdi o fôlego assistindo, ficava tensa com o comportamento do Dr. Robert e da Marília.
     - Ah é.

(Silêncio)

      - Então... você me chamou, queria me falar uma coisa muito importante... diz aí.
      - Eu? Sério?
      - Sério, pô! Você me ligou no mínimo umas 10 vezes, vim aqui correndo pra saber o que era.
      - Ah... ia te dizer que: "ou você... ou você... ou você..." Ih, esqueci.
      - Hahaha, ai ai... tu é maluca mesmo!

      Depois disso, a contagem regressiva da minha bomba relógio parou, você puxou o fio certo, estou desarmada mais uma vez. É esse teu sorriso, teu maldito sorriso que me desarma sempre, que me faz acreditar que é mais viável perde-se do que perder-te. Continuemos então com o triângulo amoroso: eu, você e nossa confusão.
     A tua presença me anestesia e eu acabo, mais uma vez, fugindo do objetivo, me entregando, e esquecendo, nem que seja por poucos minutos, o sofrimento de noites inteiras. Correndo risco, perdendo o controle com você.
      Da próxima vez eu escrevo num cartaz o que quero te dizer, colo num outdoor para todos serem testemunhas. Ou então tapo meus olhos, para não ver teu sorriso de medusa... vai que dá certo?!
      E, por favor, deixe Almodóvar fora disso.

3 comentários:

  1. caralho e alem de bonita gosta de pedro almodovar!!! eh demais

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  2. ai ta ficando chato esse negócio de amar todos os teus textos, e não é só pq sou tua prima. Vai se lascar !!! Parece q tá vendo tudo q tá acontecendo na minha vida!! kkkk ! Mnt amor!
    mamah

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